Por Quê Treinamento Formal em Café é Um Bom Investimento
Existem várias maneiras de aprender mais sobre o café: você pode assistir a tutoriais no YouTube; ler livros e recursos online sobre café; treinar e experimentar com métodos de extração; encontrar mentores profissionais; e, é claro, através da consagrada tradição de aprender trabalhando.
De fato, quando existem muitas maneiras de aprender mais sobre café, você pode se perguntar se é necessário um treinamento formal em café. Os cursos certificados valem o investimento?
Falei com Marcello Arcangeli, chefe de treinamentos na Lavazza. Ele não apenas é responsável pelo treinamento interno da Lavazza, mas também supervisionou a criação e implementação dos programas de treinamentos in loco para os maiores clientes da Lavazza. Em março de 2018, ele obteve a certificação da Specialty Coffee Association (SCA) como um Campus de Treinamento Premium para o Centro de Treinamento Lavazza, em Turim na Itália, inaugurado em 1989. É a primeira sala de graduação da Itália, oferecendo cursos certificados pela SCA. Quem poderia ser melhor do que o próprio Marcello para aconselhar sobre os benefícios das diferentes metodologias de treinamento?

Que Tipo de Treinamento os Profissionais de Café Precisam?
Marcello diz: “Treinamento significa transferir conhecimento para alguém. Conhecimento significa aprender e adquirir uma competência. A competência em um determinado assunto ou trabalho é fundamental em qualquer tipo de negócio.”
Em outras palavras, o treinamento é essencial para a sua carreira no café. Mas o que e como os profissionais do café devem estudar?
Marcello acredita que quanto mais conhecimento todos os setores tiverem, melhor todos nós poderemos realizar o nosso trabalho. “Hoje, mesmo os produtores precisam ter o real conhecimento sobre toda a cadeia produtiva e sobre como o café será transformado”, explica ele.
“Para torrefadores e negociadores de café”, ele acrescenta, “o treinamento e as análises aprofundadas são cruciais para escolher os melhores [cafés] do mundo, para criarem blends com sabedoria e torrá-los de maneira apropriada para melhorar os sabores e aromas disponíveis no café.”
E para baristas? Obviamente, eles precisam saber como preparar um café excepcional com altos padrões, como limpar e manter adequadamente o equipamento de café e como fornecer um ótimo serviço ao cliente.
Mas o conhecimento sobre o produto que eles estão servindo – o impacto de diferentes variedades do café , elevação , métodos de processamento , perfis de torrefação e muito mais – também serão muito úteis. De que outra forma os baristas podem entender o porquê de precisar mudar a receita do espresso quando recebem com um grão colombiano descafeinado, de torra média, ao invés de um etíope de torra clara?
E, talvez mais importante, como eles podem transmitir esse conhecimento e paixão pelo café especial aos consumidores interessados? O conhecimento sobre o produto é uma parte essencial do serviço ao cliente.
É possível aprender tudo isso no local de trabalho? Sim, mas isso seria ineficiente. Afinal, poucos chefes de barista têm tempo para explicar detalhadamente o processamento ou as variedades do café aos novos baristas.
Quando pedi para o Marcello sua opinião sobre treinamento no trabalho versus treinamento formal, ele me diz que “um não exclui o outro”. Para ele, o treinamento formal é uma oportunidade de adquirir novos conhecimentos. O treinamento no trabalho é o momento de consolidar e praticar esse conhecimento.
“A prática é igualmente importante”, ele enfatiza “…[no entanto] a prática sozinha não é suficiente porque você não terá a oportunidade de crescer, evoluir e, sobretudo, transferir conhecimento para seus funcionários ou para o cliente final, que é muito mais exigente hoje em dia. “
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Crédito: Neil Soque
Os Maiores Benifícios de Uma Equipe Treinada
É claro que uma equipe treinada é capaz de executar suas tarefas com mais conhecimento e habilidade. No entanto, também existem muitos outros benefícios que os empregadores geralmente ignoram, de donos de cafeteria a chefes de torrefação e gerentes de fazendas.
1. Satisfação dos funcionários
Funcionários motivados são a chave para um negócio lucrativo. Altos níveis de satisfação resultam em maior produtividade, melhor atendimento ao cliente e menores taxas de rotatividade – todas essas são boas notícias para os empregadores. Além disso, a motivação é contagiosa. (Infelizmente, a desmotivação também é.)
O treinamento pode motivar e desmotivar os funcionários, dependendo de como é apresentado. Quando os funcionários percebem isso como uma responsabilidade ou tarefa não remunerada, eles podem sentir que estão trabalhando de graça.
No entanto, quando apresentado da maneira correta, vários estudos demonstraram que o treinamento também pode motivar os funcionários. Da mesma forma, tem sido associao a uma maior lealdade da equipe e menor rotatividade. Em outras palavras, o treinamento pode ser um excelente investimento para uma empresa.
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Marcello cita como exemplo os cursos da SCA para barista. “Existe um padrão de cursos com professores qualificados”, diz ele. “Os jovens baristas fazem os cursos não apenas para aprender conhecimentos teóricos e práticos, mas também para enriquecer seu currículo.”
Enriquecer o currículo dos funcionários é uma coisa ruim? Absolutamente não! Quando os funcionários sentem que o treinamento lhes oferece uma carreira e lhes fornece novas habilidades, isso os inspira e motiva. Eles veem o valor no treinamento e apreciam que a empresa deseja que eles se desenvolvam. Por sua vez, eles começam a ver o trabalho como uma carreira de longo prazo que pode oferecer a progressão que desejam.
Obviamente, é importante garantir que você os envie para o treinamento que corresponda às metas da sua empresa. Não faz nenhum sentindo treinar a equipe para uma carreira que você não pode oferecer. No entanto, não hesite em dar aos funcionários o espaço para crescer enquanto estiverem na sua empresa.

Crédito: Fernando Pocasangre
2. Qualidade e Satisfação do Cliente
“A regra fundamental do ritual do café é que o café em si deve ser bom. Em termos mais científicos, significa que o café mantém inalteradas suas qualidades organolépticas [sensoriais] ”, diz Marcello. “A segunda regra é que o café deve ser preparado de maneira ágil e a terceira é que o consumidor possa apreciar plenamente todo o sabor e aroma”.
O que isso tem a ver com o treinamento? Ele me diz: “A motivação que usamos para envolver os baristas nos cursos é esta: conhecimento, qualidade, mais sucesso, mais negócios”.
No setor de cafés especiais, a satisfação do cliente anda de mãos dadas com a qualidade. E a chave para a qualidade é um bom treinamento.
Isso é especialmente importante para cafés e torrefações, que contam com negócios recorrentes. Temos que lembrar que todo novo cliente representa um investimento em marketing. No entanto, depois que um cliente é convertido, cada compra futura que ele faz requer muito menos investimento em marketing (se houver).
Além disso, muitas empresas têm uma base de clientes limitada. Os mesmos funcionários de escritório passam pela mesma cafeteria todas as manhãs. Os mesmos alunos vão querer estudar na mesma área durante o dia. E os mesmos clientes encontrarão amigos para tomar café durante os finais de semana. Causar uma má impressão em uma dessas pessoas significa perder seu potencial costume de retornar ao longo do tempo (bem como qualquer feedback positivo).
E, finalmente, os clientes recorrentes reduzem a incerteza de faturamento – algo que pode ser caro para qualquer empresa. Seus frequentadores são a força vital para apoiar seus negócios, garantindo que você possa permanecer aberto semana após semana.

Crédito: Daniel Molinares
3. Consistência
A inconsistência é uma faca de dois gumes: reduz a probabilidade de qualidade e afasta os clientes recorrentes.
Afinal, não importa se o café filtrado que seu cliente pediu hoje é tecnicamente tão bom quanto o que ele pediu ontem. Se não tiver o mesmo sabor, eles irão se decepcionar.
Marcello me diz: “O conhecimento serve para monitorar a consistência da qualidade e [permite que a equipe] saiba quando algo mudou e, portanto, saiba como e onde intervir”.
Em outras palavras, o treinamento garante que todos os funcionários sigam os mesmos procedimentos, que possam entender o que deu errado quando houver problemas de inconsistência e que saibam como resolvê-los. Seja um barista ajustando o moinho pela manhã, um mestre de torra visando a mesma curva de torra para o blend de assinatura ou um produtor monitorando os níveis de umidade da secagem do café, o treinamento transmite conhecimento essencial.
O treinamento formal inicial sobre os padrões de toda a indústria pode garantir abordagens e métodos consistentes. Após isso, o treinamento in loco nos sistemas de cada negócio e os requisitos para os cafés específicos apoiarão ainda mais.
Por exemplo, um barista pode realizar um curso de Métodos de Extração pela SCA para garantir que esteja familiarizado com os padrões e métodos básicos. Isso significa que o gerente deve investir menos tempo em treinamento no local de trabalho, especialmente durante os turnos de pico, e provavelmente haverá menos erros cometidos no preparo do café.
Os gerentes também podem treiná-los nos cafés específicos servidos na cafeteria e no processo utilizado diariamente. Por exemplo, eles poderiam explicar que o Barista Principal é responsável por ajustar o moinho e que a receita estará escrita ao lado do moedor e todos devem pesar o café antes e depois da extração.
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O treinamento motiva a equipe, aumenta a qualidade e permite consistência. Por sua vez, resulta em melhor produtividade, menores custos e clientes recorrentes.
Simplificando, o treinamento pode ser um investimento lucrativo para profissionais do café e empresários.
O treinamento formal pode dar aos funcionários o conhecimento necessário para realizar bem o trabalho, com paixão e motivação para trabalhar com empenho. O treinamento no trabalho (in loco) permitirá que o funcionários apliquem esse conhecimento, consolide-os e refinem suas habilidades. Uma leitura mais ampla os expõe às últimas tendências e inovações. A experimentação lhes dará a oportunidade de ultrapassar os limites de seu conhecimento e testar a sua compreensão.
Os melhores funcionários são aqueles que aproveitam todas as oportunidades de aprendizado. E os melhores empregadores os apóiam nisso, sabendo que eles também terão benefícios.
Traduzido por Daniel Teixeira.
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Observação: este artigo foi originalmente patrocinado pela Lavazza .
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