Como o pós-colheita pode contribuir para a sustentabilidade na cafeicultura
A sustentabilidade é um conceito que há muito deixou de ser discutido apenas por ativistas para ocupar posição de destaque em diversos setores econômicos globais. Com a cafeicultura, não poderia ser diferente. Ainda mais considerando que o café é uma das commodities mais comercializadas ao redor do mundo e que sua produção esteja diretamente ligada a questões climáticas e ambientais.
A busca por uma cafeicultura sustentável é algo que hoje pode ser determinante para a continuidade dessa atividade como fonte de renda para milhões de produtores em todo o planeta e já é demandada por players importantes da cadeia de produção como um todo. Desde cafeterias especializadas, passando por torrefações artesanais e chegando até às grandes marcas, todos apontam a sustentabilidade como fator preponderante para a construção uma boa presença no mercado atualmente.
Para garantir que que a busca pela sustentabilidade traga resultados e atenda tanto às demandas do mercado quanto às necessidades dos produtores, é importante que todas as partes sejam envolvidas e ações sejam realizadas em todos os níveis. Desde a proteção das nascentes d’água, passando pela luta contra o desmatamento e chegando até ao emprego de inovações técnicas e tecnológicas para trazer mais eficiência e rentabilidade ao trabalho no campo.
Tendo isso em mente, conversamos com o consultor em pós-colheita Bruno Ribeiro, os produtores Pedro Gabarra (Fazenda Pinhal) e Eduardo Ferreira (Fazenda Pedra Preta), e com Carlos Henrique Palini, diretor comercial da empresa PaliniAlves, para entender melhor como a cafeicultura pode se fortalecer e se tornar cada vez mais sustentável no Brasil.
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Entendendo a importância do café sustentável hoje
É inegável que as mudanças climáticas estão trazendo desafios cada vez maiores para quem trabalha no campo hoje em dia. Pesquisas apontam que aproximadamente metade das áreas onde se cultiva café arábica e robusta em todo o mundo poderão se tornar inapropriadas para o plantio até 2050.
No entanto, como destaca o slogan do World Coffee Research, os desafios de hoje podem ser as oportunidades de amanhã. Por isso, muitos cafeicultores brasileiros têm se empenhado nos últimos anos em ajustar suas técnicas de produção para cultivar café de forma mais sustentável.
Um dos exemplos bem-sucedidos dessa adaptação à nova realidade é a Fazenda Pinhal. Localizada em Santo Antônio do Amparo, no sul de MG e que já foi reconhecida como a mais sustentável do país. Quase metade da propriedade é composta por área preservada, e toda a área destinada ao cultivo de café coexiste harmoniosamente com árvores nativas tanto em consórcio quanto numa reserva de 70 hectares criada em colaboração com a Fundação SOS Mata Atlântica onde há um projeto de reabilitação da fauna nativa.
De acordo com Pedro Gabarra, proprietário da fazenda, a sustentabilidade hoje é algo prioritário para a vida como um todo, não apenas para a cafeicultura. “As mudanças climáticas trazem questões cada vez mais perceptíveis em âmbito social e econômico. Cuidar disso é prioritário e é algo que a gente não abre mão na Fazenda Pinhal”.
Entre as práticas adotas na fazenda, Pedro destaca a constante redução no consumo de água, fertilizantes e combustíveis, assim como na geração de resíduos. Além disso, a propriedade hoje conta com geração própria de eletricidade através de painéis fotovoltaicos e parcerias com escolas da região tanto para a promoção de programas educacionais quanto para receber alunos para participação em atividades de plantio de árvores nativas nas áreas de preservação.

Um caminho sem volta
Pedro conta ainda que a produção sustentável, de certa forma, sempre deu o tom na Fazenda Pinhal. “Essa é a 6ª geração da família cuidando da fazenda e sempre com cuidado e respeito pelo ambiente. Meu pai mesmo já dizia que sustentabilidade também está ligado com ser produtivo. Cada vez que a gente aumenta nossa consciência sobre as consequências do que a gente faz, mais a gente ganha. Porque isso se reverte na qualidade do nosso café e também na forma como vêm o nosso trabalho no mercado”.
Ele ressalta ainda a importância de se ter bons parceiros e de se buscar sempre estar atualizado quanto à novas técnicas e equipamentos disponíveis para aliar as boas práticas ambientais com a produtividade e a qualidade dos grãos. “A gente precisa estar sempre em busca de informação. Conhecer novas variedades que dão produção melhor e são mais resistentes. Além disso, tem as novas tecnologias, os equipamentos que vão sendo desenvolvidos para tornar o trabalho mais eficiente usando cada vez menos recursos. Por isso é importante ter sempre bons parceiros, ter contato com consultores, com outros produtores e profissionais para trocar informações”.
Carlos Palini é diretor comercial da Palinialves, empresa especializada na produção e no fornecimento de maquinários e soluções tecnológicas para fazendas e armazéns de café. Seus clientes são cafeicultores e cafeicultoras de todos os portes, exportadores, cooperativas, associações.
Ele conta que a filosofia da empresa está a inovação lado a lado com a sustentabilidade. “Quando pensamos em inovação, pensamos em soluções que levem maior economia, redução no uso de insumos e melhor aproveitamento das capacidades de produção. O cafeicultor precisa gerar economia e conciliar suas ações com a sustentabilidade ambiental. Nossos equipamentos são pensados para possibilitar isso”, diz.

A sustentabilidade no pós-colheita
O uso de novas tecnologias é fundamental para que a cafeicultura seja ao mesmo tempo mais eficiente e sustentável, se tornando assim mais competitiva num mercado cada vez mais exigente e preocupado com a qualidade e a sustentabilidade.
Bruno Ribeiro é consultor especializado em pós-colheita. Ele conta que as práticas sustentáveis podem influenciar positivamente na qualidade dos grãos e que hoje há uma grande disponibilidade de técnicas e equipamentos para auxiliar o cafeicultor a realizar as atividades no pós-colheita de uma forma mais sustentável e eficiente, trazendo um ganho em competitividade que pode se reverter em melhora na rentabilidade da produção.
“Hoje temos equipamentos muito eficientes em termos energéticos e no uso da água e de outros recursos. Os lavadores hoje trabalham usando muito menos água que a 10, 20 anos atrás. Recomendo muito também o despolpador EcoZero, exclusivo da PaliniAlves, porque ele é o único que consegue descascar e despolpar o café sem o uso de água e com garantia de qualidade. Gosto dele porque ele produz um café íntegro, com boa conservação do mel para quem procura fazer o processamento honey. É sem dúvida um equipamento que é uma mão na roda para quem quer ser sustentável e ao mesmo tempo competitivo no mercado”.
Ainda de acordo com Bruno, outra forma de levar sustentabilidade ao processo de pós-colheita é aproveitar a biomassa gerada pelo café para produzir energia, como lenha ou pellets, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. “Caldeiras de alta qualidade são fundamentais, por conta do uso racional de materiais para combustão e o destino correto para fumaça de secagem, com os filtros. E aí eu destaco a PA-Caldeira horizontal da Palinialves, que tem uma emissão de poluentes muito baixa”.

A informação é o caminho
Bruno reforça que as vantagens de inovação e sustentabilidade são inúmeras e que o acesso à informação vai convencer cada vez mais produtores a apostarem na produção sustentável. “Isso é fundamental para que o produtor possa comparar o seu sistema de produção atual com um modelo mais sustentável. E vendo como o mercado reage hoje a quem comprova o uso de boas práticas, ele vai perceber que ser sustentável vai fazer com que seja mais competitivo e consiga melhorar a sua renda.”
Pedro Gabarra concorda, dizendo abertura ao novo é fundamental que a cafeicultura siga se destacando no cada vez mais robusto agronegócio brasileiro. “Acho que tá muito mais na cabeça dos gestores a chave para o sucesso. Depois que você se abre, consegue ter a clareza de que isso é totalmente positivo, até porque os resultados aparecem. Os clientes demonstram claramente o valor que o café sustentável tem hoje”.

Mudar o sistema de produção para poder continuar produzindo
Eduardo Ferreira, proprietário da Fazenda Pedra Preta e da Flora Regenerative, alega que não se pode encarar a sustentabilidade apenas como mais uma demanda do mercado para os produtores. Mas como a única maneira de criar formas resilientes de produção em um contexto de extremos climáticos.
“Trabalhamos a partir de quatro pilares fundamentais: a restauração da paisagem, os sistemas agroflorestais, o manejo regenerativo e a comunidade. A partir da união desses conceitos e esforços, acreditamos que somos capazes de criar um sistema regenerativo de produção. Por isso, buscamos na Flora não apenas substituir insumos, mas entender que o contexto atual exige uma mudança sistêmica na forma de produção”, diz.
Gestão eficiente e conectada às tendências sustentáveis
Ele acrescenta ainda que é indispensável, hoje, entender a propriedade de forma mais abrangente. E além disso, criar desenhos produtivos mais dinâmicos do que a monocultura e focar em práticas na saúde do solo e em toda a biodiversidade que depende dele. “Dessa maneira, as práticas sustentáveis que utilizamos passam pela gestão da água da chuva, a produção em sistemas agroflorestais, a utilização de plantas de cobertura, até a criação de uma equipe que esteja feliz e determinada a colocar todo esse trabalho em prática”, afirma.
No que tange às atividades do pós-colheita, Eduardo é bastante enfático quanto à necessidade de se apoiar em inovações tecnológicas. E como exemplo, cita as trazidas pelos equipamentos fabricados pela Palinialves. “Nesse sentido, temos que considerar que eficiência também é sustentabilidade. Por isso, equipamentos mais tecnológicos que entregam melhores resultados também contribuem para a produção de um café mais sustentável. Devemos sempre ficar atentos a equipamentos que diminuem a dependência de combustíveis fósseis ou de outras matrizes danosas ao meio-ambiente, como o despolpador EcoZero”.

Não se trata mais de escolher ser ou não sustentável na lavoura e no pós-colheita. Esse já é um conceito essencial. “Para nossa família, a sustentabilidade é a única maneira viável de produzir café. Queremos deixar nossa fazenda e a região circundante em melhores condições do que as recebidas, pensando no longo prazo”, destaca Pedro, da Fazenda Pinhal.
Uma das maneiras mais eficazes de facilitar essa jornada é investir em máquinas que ajudam a reduzir as emissões de carbono. “Ao escolher produzir equipamentos que são mais eficientes e contribuem para um mundo melhor, geramos valor para a cafeicultura como um todo”, conclui Carlos Palini.
Créditos das imagens: PaliniAlves, Fazenda Pinhal e Fazenda Pedra Preta (Rafael Motta)
Observação: A PaliniAlves é patrocinadora do PDG Brasil
PDG Brasil
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