Cápsulas de café de plástico ou de metal? Entenda a diferença
Em todo o mundo, o consumo de cápsulas de café continua a crescer a um ritmo acelerado. Em 2025, espera-se que o mercado global valha mais de US $29 bilhões. Os fatores que impulsionam esse crescimento são a conveniência, o custo e a qualidade crescente do café usado em cápsulas.
A crescente popularidade das cápsulas de café levou muitas torrefações de café especiais e outras marcas a produzir as suas próprias cápsulas nos últimos anos, com o objetivo de melhorar a qualidade do café oferecido aos consumidores.
No entanto, embora seja importante usar café de alta qualidade em cápsulas, também é igualmente essencial o uso de materiais de alta barreira para a embalagem. Com um tamanho de moagem tão fino, proteger o café corretamente ajuda a melhorar o frescor e a qualidade, melhorando assim a experiência geral do consumidor.
Plástico e metal (principalmente alumínio) são os dois principais materiais usados para fabricar cápsulas. Mas qual ajuda a conservar melhor o frescor do café? Qual é o mais resistente? E qual deles é a opção mais sustentável?
Para descobrir, falei com o CEO da Novocapsule, Yuval Weinshtock. Leia para saber o que disseram.
Você também pode gostar do nosso artigo sobre como os torradores podem se diversificar no mercado de cápsulas.

Comparando cápsulas de plástico e alumínio
Com a popularidade das cápsulas de café e outras opções de café de dose única, há mais materiais disponíveis no mercado do que nunca. Para as cápsulas, existem duas categorias principais: plástico e alumínio.
Mas como exatamente as cápsulas de plástico e alumínio diferem? E o que os consumidores e os torradores devem considerar ao comprá-las?
Reciclagem e sustentabilidade das cápsulas de café
O alumínio é usado na fabricação de cápsulas de café há décadas, desde que a Nespresso começou a produzir suas cápsulas.
Os resíduos de plástico são, compreensivelmente, uma grande preocupação para muitos consumidores. E enquanto a produção de alumínio “virgem” tem uso elevado de energia, esse material é infinitamente reciclável. Cerca de 75% do alumínio global já produzido ainda está em uso hoje.
Um relatório de 2019 da The Aluminium Association descobriu que as taxas de reciclagem do consumidor para latas de alumínio nos EUA eram de quase 50%, enquanto a taxa de reciclagem da indústria era acima de 63%. Dados da Associação Europeia do Alumínio estimam que, em 2015, a taxa de reciclagem de latas de alumínio na Europa ultrapassou 76%.
Essas altas taxas de reciclagem também são transferidas para cápsulas de café. Embora as cápsulas à base de alumínio também possam incluir outros materiais (como revestimentos de plástico), eles podem ser separados para que o alumínio possa ser reciclado.
Como tal, surgiram nos últimos anos vários esquemas de reciclagem de cápsulas de café. No entanto, as taxas de absorção variam. Estima-se que a aceitação pelo consumidor do programa global de reciclagem da Nespresso, por exemplo, seja de cerca de 30%.
Outras iniciativas, como a Podback no Reino Unido, apoiam a coleta de cápsulas de café na calçada, bem como o lançamento de pontos de entrega para os consumidores.
“O aquecimento global é um fator crucial que está empurrando os varejistas para cápsulas de alumínio”, explica Yuval. “No entanto, para os fabricantes de cápsulas, a diferença de preço entre alumínio e plástico é uma verdadeira barreira, embora o preço do alumínio pode vir a cair no futuro e assim o faça ser mais competitivo”, acrescenta.
Além disso, é muito mais fácil reciclar cápsulas feitas de alumínio do que de plástico. Historicamente, uma das maiores críticas ao uso de plástico no segmento de cápsulas de café é em relação ao uso de plásticos n.º 7. Estes contêm uma categoria de plástico conhecido como policarbonato, que não são, em grande parte, recicláveis.
Embora isso possa parecer uma evidência conclusiva, Yuval reconhece que a participação de mercado das cápsulas de café de alumínio reciclado ainda é relativamente pequena.
“Apenas uma fração das cápsulas de marca própria atualmente no mercado é feita com alumínio reciclado. A maior parte desse material é canalizada para latas de alumínio e componentes automotivos, elevando seu preço para outras aplicações. Mas, mesmo assim, varejistas de todos os níveis estão mudando para cápsulas de alumínio”, diz ele.

Maximizando o frescor
Há também preocupações compreensíveis sobre o frescor do café no que diz respeito às cápsulas. Essa é uma prioridade crescente para os consumidores atualmente. Se houver erro no uso dos materiais ou na vedação das cápsulas, pode ser que o café fique velho e perca suas notas de sabor vibrantes mais rapidamente.
Uma vez moída, a área de exposição da superfície do café aumenta exponencialmente, o que significa que ele se torna muito mais propenso à oxidação e a perder seus sabores complexos e sutis. Quanto mais fino o café é moído, mais rápido isso acontece.
Ao preparar café torrado para se usar em cápsulas, sua moagem deve ser mais fina do que para o café espresso. Esta é uma das razões pelas quais a vedação hermética é tão importante. Se as cápsulas não forem empacotadas e seladas hermeticamente, o café dentro envelhecerá ainda mais.
“Com cápsulas de alumínio, o desempenho e a armazenagem são melhores que para cápsulas de plástico”, explica Yuval. Ele acrescenta que a maneira como se faz essa medição no segmento da cápsula de café é através de algo conhecido como taxa de transmissão de oxigênio (OTR).
“Na Novocapsule, nossa solução tem uma OTR muito baixa”, observa. “Isso ocorre porque nossas cápsulas têm um anel de vedação de polímero, além de sua fabricação em alumínio que é um material de alta barreira. Eles também são livres de PVC.” De modo geral, em termos de propriedades de barreira, a pesquisa nos últimos anos indicou que o alumínio é melhor em criar uma barreira impermeável à oxidação.

Força e resistência das cápsulas de café
Após meses de fornecimento, cupping e desenvolvimento de perfis de torra, os torradores, compreensivelmente, querem ter certeza de que estão protegendo o sabor delicado e os compostos aromáticos em seu café.
A exposição à umidade, calor e oxigênio pode degradar rapidamente os aromas e sabores delicados do café, portanto, a qualidade da embalagem é fundamental para evitar essa degradação.
Além disso, no entanto, Yuval observa que o outro fator a considerar é a força física. As cápsulas de café passam muito tempo em trânsito, além de serem colocadas sob algum grau de força física quando são preenchidas e seladas.
Quando se trata de resistência, ele observa que a espessura é mais importante do que o material em geral. No entanto, a espessura da cápsula é difícil de aperfeiçoar, pois você deseja uma solução que proteja seu café enquanto ele viaja para o cliente, mas também uma que não seja muito pesada ou inadequada para máquinas de cápsulas comuns.
“A espessura da maioria das cápsulas de alumínio varia entre 97 e 115 mícrons”, diz Yuval. As cápsulas da Novocapsule têm cerca de 150 a 170 mícrons.
Embora o alumínio possa ser mais protetor, Yuval observa que os torradores devem ter cuidado ao manusear e encher as cápsulas. “O plástico pode ser mais robusto do que o alumínio em faixas de espessura mais baixas, portanto, há uma certa prática recomendada para o manuseio de cápsulas de alumínio durante o processo de enchimento”, diz ele.

Quanto plástico é realmente se usa em cápsulas de café?
Desde que as cápsulas de café apareceram pela primeira vez no mercado, no final da década de 1980, muitas continham uma quantidade mais elevada de plástico mesmo que fossem feitas de alumínio.
Nos últimos anos, as preocupações com os resíduos de plástico começaram, compreensivelmente, a aumentar. Estimativas da ONU de 2020 sugerem que há a geração de cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos de uso único a cada ano. Em resposta, vimos um número crescente de iniciativas para combater isso, seja através de produtos compostáveis ou biodegradáveis, ou do aumento ao acesso a fluxos de reciclagem de plástico.
Além disso, além de conter policarbonatos, os plásticos número 7 também podem conter bisfenol A (BPA) que, segundo pesquisas, pode se diluir em alimentos e bebidas. Isso acontece principalmente quando a embalagem plástica é exposta ao calor, o que inclui a extração de café em cápsulas. Há evidências mostram que o consumo de BPA pode interferir na produção de hormônios, impactando na saúde dos consumidores.
No entanto, não importa qual tipo de plástico se usa pois os problemas de sustentabilidade persistem. Alguns plásticos podem levar até 500 anos para se decompor completamente e, em muitos casos, não se degradam completamente.
Isso significa que os micro plásticos podem acabar no solo, praias, na água, em suprimentos de alimentos e até mesmo nos corpos humanos.
Segundo Yuval, ao considerar o impacto do plástico no aquecimento global, o PVC é considerado um dos piores entre esses materiais. Ele pode ser usado no revestimento de laca nas cápsulas de café de alumínio e não é de forma alguma reciclável. Além disso, pode ser tóxico quando decomposto.
“Ter uma cápsula sem PVC é uma vantagem. A Novocapsule é um dos únicos fornecedores oferecem uma opção de cápsula sem PVC”, ele acrescenta.
Cápsulas de café compostáveis e biodegradáveis
Embora o alumínio seja um dos materiais pioneiros no que diz respeito à sustentabilidade, há novas cápsulas de plástico no mercado que são biodegradáveis e compostáveis.
No entanto, essas opções ainda são um nicho, e seu descarte ou a reutilização muitas vezes pode ser mais difícil do que parece. Em muitos casos, as opções alternativas de cápsulas de plástico são mais porosas do que o alumínio. Isso significa que elas geralmente têm uma barreira menor, tornando o frescor do café uma preocupação. Além disso, elas são geralmente mais caras.
A maior questão, no entanto, é a falta de conscientização sobre o descarte. Por exemplo: em muitos casos, as cápsulas compostáveis são na verdade produtos patenteados que entram em decomposição apenas em ambientes onde a pressão e a temperatura são controladas. As cápsulas compostáveis em casa são muito mais raras, o que, na verdade, significa que, se os consumidores adicionarem muitas cápsulas de café “compostáveis” à pilha de compostagem doméstica, nada vai acontecer.

Pode ser um desafio para muitos torradores de café criar cápsulas que sejam sustentáveis e ao mesmo tempo garantam o frescor. No entanto, ao selecionar os melhores materiais, eles podem ter certeza de que seu café vai permanecer fresco, bem como reduzir o desperdício de materiais.
Em geral, as cápsulas de alumínio são indiscutivelmente a melhor opção para os torradores que procuram preservar os atributos e contribuir para uma economia circular; pesquisas sugerem que elas são a melhor opção de alta barreira e ainda muito mais fáceis de se reciclar a longo prazo.
No entanto, resta saber se o mercado de cápsulas de café continuará a se desenvolver ao longo dessa trajetória no futuro. Atualmente, o mercado das cápsulas compostáveis e biodegradáveis está crescendo, mas os sistemas de reciclagem de cápsulas de alumínio também estão se tornando cada vez mais acessíveis.
Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre se as cápsulas são ou não sustentáveis.
Créditos das fotos: Novocapsule
PDG Brasil
Traduzido por Daniela Melfi
Nota: A Novocapsule é um dos patrocinadores da Perfect Daily Grind.
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