Pesquisas indicam que durante a pandemia de Covid-19 a segunda categoria de produtos mais consumida pelos clientes de postos de gasolina foi a de alimentos & bebidas, que ficou atrás apenas dos combustíveis. Motivos para essa popularidade não faltam, já que as lojas de conveniência vêm fazendo de tudo para atrair mais clientes para seus espaços.

Como resultado, vemos cada vez mais esse tipo de estabelecimento atendendo à constante evolução de hábitos e tendências de consumo. Isso abrange todas as categorias de alimentos e bebidas que eles servem, incluindo café.

Conversei com três pessoas que trabalham no segmento de bebidas de lojas de conveniência – tanto no nível de operadora quanto de fornecedor – para descobrir como o café nas lojas de conveniência está evoluindo. Continue a ler para saber o que disseram.

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Qual o perfil do consumidor de café nas lojas de conveniência?

A velha mentalidade de que o café nas lojas de conveniência é apenas para viajantes na estrada ou passantes apressados pelas avenidas da cidade – oferecendo apenas café tradicional “estilo restaurante” – não é mais uma verdade absoluta.

No passado, o principal mercado-alvo dessas lojas de conveniência eram os consumidores mais velhos que estavam acostumados a esses sabores assim como qualquer outra pessoa que precisasse de um cafezinho rápido para viagem. No entanto, esse já não é mais o caso.

Embora este ainda seja um mercado-alvo relevante, as lojas de conveniência estão ampliando cada vez mais seus cardápios de cafés para atingir uma gama mais ampla de consumidores, com forte foco nos jovens.

Jawad Bisbis, ex-vice-presidente de bebidas de marca própria da 7-Eleven, diz que o motivo dessa mudança é a necessidade de atrair a próxima geração de clientes – ou seja, os millennials e a geração Z.

Ele explica: “Nos últimos 20 anos, as pessoas mudaram para cafés especiais, espresso, café gelado, cold brew, e é isso que buscamos: conquistar novos clientes, não apenas fazer com que os clientes antigos sigam conosco”.

Leigh Priecko, diretora de trade marketing da Royal Cup Coffee Roasters, concorda. Segundo ela, a Royal Cup sempre tenta ficar por dentro das tendências de sabores e bebidas.

Mudanças no perfil dos consumidores pós-pandemia

De acordo com a National Coffee Association (EUA), durante a pandemia, mais de 40% dos estadounidenses compraram tipos de café que nunca haviam experimentado antes. Isso incluiu marcas, perfis de torra e métodos de preparo.

Harry King é gerente nacional de contas do Jimmy’s Iced Coffee. Ele concorda que houve uma mudança significativa nos hábitos de compra dos consumidores nos últimos 18 meses. “É importante sempre observar as tendências e o que cada público-alvo gosta e compra. Houve uma mudança, em grande parte como resultado da pandemia”.

No entanto, para as lojas de conveniência do mercado atual, não há segredo: basta oferecer uma variedade de produtos que capitalizem as tendências dos clientes. Incluindo aí os produtos já conhecidos e bebidas que atraem o público mais jovem, como cold brew e outras bebidas prontas para o consumo.

Como os cafés nas lojas de conveniência evoluíram?

Ao longo dos últimos anos as demandas dos consumidores por café, sem dúvida, aumentaram. Essa demanda é relevante para o mercado de café nas lojas de conveniência, assim como para as cafeterias especializadas.

Essas demandas levaram as lojas de conveniência a oferecer uma gama mais ampla de produtos em espécie, reconhecendo que enquanto alguns clientes estão satisfeitos em pagar mais pela qualidade, alguns querem apenas algo rápido e outros ainda querem algo frio ou gelado.

Os cafés das lojas de conveniência passaram a oferecer uma variedade de opções, desde bebidas quentes até xícaras, opções de café gelado e cold brew. Dentro desse leque, os clientes podem obter itens básicos como cappuccinos, lattes e mochas – que também são cada vez mais feitos com leite fresco em vez de alternativas industrializadas em pó.

Leigh diz: “As lojas de conveniência continuam vendo uma mudança no gerenciamento de vários mercados de clientes. Para fazer isso, vimos duas mudanças consistentes: a adoção de máquinas de café espresso no lugar dos equipamentos que preparavam bebidas à base de café solúvel e a incorporação de cold brew no conjunto de bebidas oferecidas.”

Descobrindo o potencial dos cafés especiais

Jawad concorda com Leigh, acrescentando que muitas franquias de lojas de conveniência perderam a terceira onda do café e acabaram ficando a ver navios com o café tradicional.

“Eles começaram a oferecer café feito com grãos moídos na hora e café coado fresco nos últimos anos”, diz ele. “A 7-Eleven começou há alguns anos e em grande estilo. Não apenas do grão à xícara, mas também cafés quentes e gelados. Estes são todos self-service.”

Além disso, há cada vez mais opções disponíveis nas geladeiras de lojas de conveniência. Harry diz que, para sua conveniência e clientes no comércio, o Jimmy’s Iced Coffee começou a oferecer um novo serviço de assinatura comercial.

“Nosso serviço de assinatura oferece uma abordagem mais personalizada para pequenos formatos de lojas, permitindo que eles criem um pedido sob medida, além de pausar ou avançar seu pedido por meio de uma conta online”, diz ele. “Isso significa que eles sempre têm o produto na prateleira quando precisam.”

Como os hábitos do consumidor mudaram?

Talvez o maior impulsionador da mudança no café das lojas de conveniência seja o hábito do consumidor. Naturalmente, o mercado precisa se desafiar à medida que a indústria cafeeira evolui em torno dele.

Isso significa fazer perguntas sobre quem está comprando o café e por que eles estão entrando na loja. As pessoas entram na loja por causa da gasolina? Como divulgamos nosso programa de café? Que tipo de produtos de café os consumidores querem ver? Que tipos de café estão vendendo melhor?

No entanto, além dessas simples perguntas sobre a demanda, Leigh observa que o bem-estar está se tornando cada vez mais uma prioridade após a pandemia. “Os clientes estão focados na limpeza. Eles ficam mais à vontade quando a loja é limpa e arrumada, e querem saber como isso está sendo mantido”.

“Eles ainda buscam qualidade em um ambiente em que se sintam confortáveis. Conforto pode significar várias coisas – perto de casa, limpeza ou facilidade de pedidos remotos. Também vimos um aumento dramático nos pedidos por aplicativos e não prevemos que isso desapareça.”

A ascensão do serviço “sem contato”

Jawad diz que uma das maiores mudanças nos hábitos dos consumidores de lojas de conveniência foi o serviço “sem contato”. Essencialmente, as pessoas querem que seu café seja feito rapidamente e com o menor número de mãos possível.

Outra tendência de crescente importância é o foco em produtos saudáveis. Muitos clientes, mesmo aqueles em lojas de conveniência de postos de gasolina, estão procurando cada vez mais alternativas saudáveis para muitos de seus produtos favoritos, que tradicionalmente podem ser ricos em calorias ou açúcar.

Harry diz: “À medida que a saúde se torna uma consideração maior na jornada do comprador, os varejistas precisam oferecer produtos que satisfaçam esse desejo de indulgência, mas também atendam às diretrizes do HFSS. Você quer encontrar um equilíbrio entre algo que tenha um ótimo sabor e algo que não seja tão ruim para você.”

Como as lojas podem competir em um mercado saturado?

No mercado atual, há um número quase infinito de opções para comprar uma xícara de café, e as lojas de conveniência enfrentam uma concorrência cada vez das cafeterias drive-thru, o que acaba sendo um grande desafio para se destacarem em meio à multidão.

 ”As lojas de conveniência precisam revolucionar o setor e aproveitar seus pontos fortes”, diz Jawad. “Cada vez mais clientes estão procurando conveniência e foram elas que inventaram isso! Isso significa autoatendimento: um processo rápido de entrada e saída.”

Ele acrescenta que os consumidores das lojas de conveniência não precisam esperar na fila ou por um barista. A maioria também deseja personalizar seu café para apreciá-lo da maneira que deseja; isso pode ser com xaropes, adoçantes ou outros aditivos, por exemplo.

Leigh também diz: “Ofereça um pedido online ou plataforma de aplicativos e comunique-o em toda a loja e nas mídias sociais. Certifique-se de que o seu café permaneça fresco. Com os clientes chegando mais tarde, isso pode significar ajustar os horários de preparo, para que o serviço continue sendo a experiência de alta qualidade que os clientes esperam.”

Em última análise, tanto os operadores de lojas de conveniência quanto seus fornecedores podem se diferenciar fornecendo ofertas exclusivas e de alta qualidade e facilitando para os consumidores desfrutarem rapidamente de seu café.

O que o futuro reserva para o café da loja de conveniência?

Com a pandemia fazendo com que mais pessoas trabalhem em casa, a hora mais movimentada para os cafés das lojas de conveniência não é mais evidente. Jawad acrescenta que isso significa menos tráfego nas estradas e, posteriormente, que as lojas de conveniência precisam reavaliar seu marketing como resultado.

Ele explica: “As empresas viram que as pessoas podem ser tão produtivas trabalhando remotamente ou de forma híbrida. A geração mais jovem também quer essa flexibilidade. O tráfego matinal das lojas de conveniência provavelmente acabou, e isso abre o mercado para inovações. Quem conseguir atrair aquele tráfego da tarde com a mistura certa de bebidas vai ganhar mercado”

As bebidas de café prontas para o consumo também se beneficiaram dessa mudança de horário, pois as pessoas tendem a pedir mais bebidas geladas no final do dia. Além disso, Harry diz que os clientes estão comprando mais cafés prontos para beber em embalagens individuais, para consumir mais tarde.

Ele diz: “Os produtos multi-pack e para levar para casa estão em alta demanda e provavelmente continuarão a crescer de acordo com esses hábitos de compra adaptados”.

As lojas de conveniência tornaram-se um destino onde as pessoas podem comprar café que é servido com rapidez e qualidade cada vez maior. Como tal, estamos vendo as lojas segmentarem novos dados demográficos, evoluindo e refinando sua variedade de café ao longo do tempo para atender às tendências emergentes do consumidor.

Embora a pandemia certamente tenha influenciado muitos esses hábitos de consumo, esse mercado continua se adaptando e ganhando participação no mercado cafeeiro. Como isso se desenvolverá no futuro continua a ser um mistério.

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Créditos das fotos: Pexels, Unsplash, Jimmy’s Iced Coffee, Royal Cup Coffee Roasters

Tradução: Daniela Melfi.  

PDG Brasil

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