5 passos para um cardápio de cafeteria eficiente
O cardápio funciona como um cartão de visitas de qualquer estabelecimento – especialmente se os clientes são frequentadores de cafeterias, geralmente apaixonados pela bebida, entendidos no assunto (ou querendo ser) e exigentes.
É por isso que cuidar desse material deveria ser tão importante quanto garantir um ambiente moderno, seguro e confortável, uma equipe especializada e produtos e serviços de qualidade e diferenciados.
Digital e acessado por QR Code (em tempos de pandemia), artisticamente desenhado na parede como parte da decoração ou na boa e velha versão impressa (quem não gosta de folhear o menu enquanto degusta um espresso?), um cardápio vale o investimento, porque pode se transformar em uma vitrine dos desejos capaz de reverter a atenção em venda. E como fazer essa mágica?
O PDG Brasil entrevistou Tiago Fiamenghi, designer gráfico, especialista em branding e sócio do Sanpê Coffee & Co., e elencou com esse especialista (em todos os aspectos desse assunto, aliás!) algumas dicas essenciais na hora de pensar (ou repensar) esses cardápios. E ele adianta o quanto é importante pensar em tudo e planejar muito antes de tomar qualquer decisão como empreendedor. Sua cafeteria foi inaugurada há cinco meses, em 2022, mas “o negócio começou a ser pensado em 2020”, conta.
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Qual cardápio é mais eficiente: versão online ou impressa?
A retomada da conversa ao vivo, sem wi-fi, na cafeteria, tem feito muitos clientes torcerem o nariz para o cardápio via QR code. Em um ambiente de frequentadores que costumam aparecer não só pela interação social, mas pelo café e um pouco de paz, o hábito de folhear o menu sempre foi uma distração bem-vinda e uma forma de conhecer mais o local.
Nostalgias e romantizações à parte, não há como negar que a versão digital dos menus passou a ser a solução mais prática, além de segura (se considerarmos as regras sanitárias), em tempos pós-pandêmicos.
Para o especialista Tiago Famenghi, o QR Code é uma forma de deixar os cardápios sempre interessantes, em termos de diagramação e layout, e atualizados. “Estamos vivendo uma oscilação muito grande de preços, especialmente nos principais insumos de uma cafeteria – café, leite e tudo o que orbita nesse universo. Então, na prática, há muita alteração nos itens oferecidos e valores, e, com a tecnologia à disposição, já não cabe mais as práticas amadoras de reimpressão ou de colocação de tarjas para apontar essas mudanças”, explica.

E não é só isso que o investimento em tecnologia oferece
Fiamenghi acredita que os avanços tecnológicos são uma importante ferramenta para auxiliar os comércios (incluindo as cafeterias, claro!) a serem mais atraentes, eficientes e a terem uma estrutura financeira mais saudável, ao promoverem vendas de forma mais dinâmica, criativa e consistente.
Como? Mesmo que um cardápio não seja hoje inteiramente digital, é possível acrescentar um QR code ou um link no impresso para apostar em uma versão híbrida e mais interessante de apresentação dos produtos e serviços aos clientes. “Mesmo sem muitos recursos, por exemplo, você consegue acrescentar um vídeo sobre o preparo de um produto. E uma coisa é a gente ler sobre um espresso tônica, outra é assistir à preparação, ainda que seja uma gravação amadora de celular. A imagem por si só ajuda a vender mais”, garante.
Com tecnologia, também é possível fazer mais testes para avaliar o perfil da clientela, promoções diárias, sugestões de vendas em combos, entre outras ideias para aumentar o ticket médio, sem precisar contar com os custos de produção, layout, diagramação e impressão de novos cardápios.
Independentemente do formato, o que é um cardápio eficiente?
“É aquele que comunica o essencial do negócio, de forma bem objetiva, e que possui uma boa descrição de cada produto. Muitas vezes a gente acredita que o cliente entende o nosso cardápio e que não precisa de uma explicação mais profunda sobre alguns itens. E isso não é verdade”, destaca Fiamenghi, com base na própria experiência como sócio do Sanpê Coffee & Co – cafeteria que segue uma linha italiana e que tem o panino entre as opções para acompanhar os cafés.
“Começamos a vender mais quando fizemos duas alterações. Primeiro, mudamos o descritivo e explicamos que panino era um sanduíche italiano servido como uma torrada, tostado, que é como fazemos o misto quente aqui no Rio Grande do Sul. Depois, tiramos essas opções do fim do cardápio e colocamos no início, chamando a atenção até dos clientes antigos – que acharam que era algo novo”, conta.

Praticidade então ganha de visual moderno
Claro que um cardápio bem pensado em termos de design, com um estudo profissional de tipos de fontes, linha visual e a produção de boas fotos, fará a diferença e, mais do que isso, ajudará a deixar claros o perfil e a personalidade de uma cafeteria para os seus clientes – se é uma marca mais moderna, mais tradicional ou mais romântica.
Mas de nada adianta esse investimento, segundo Fiamenghi, se o menu falhar na comunicação – que precisa ser clara, direta e objetiva. “Seja o cardápio digital ou impresso, ele precisa ser autoexplicativo e estimular o cliente a fazer suas escolhas com rapidez e segurança.
O cliente tem de saber o que está pedindo e receber o que pediu. Se você tem que explicar como funciona, provavelmente o material foi mal planejado, e o cliente não se sentirá bem”, assegura o especialista, que, vale relembrar, também é designer gráfico e especialista em branding.
Cardápios confusos, inclusive, podem inibir os clientes e impedir as vendas. “Quando eu vou a algum lugar e vejo um cardápio muito extenso, eu acabo me perdendo nas opções que tenho e caindo sempre nas mais simples ou naquelas que eu já conheço”, explica.

Como a Sanpê organiza as informações do cardápio?
“Seguimos a lógica de grandes supermercados, que deixam o pãozinho e outros produtos essenciais no fundo da loja, obrigando o cliente a passar por vários outros itens não essenciais até chegar lá”, conta Tiago.
“No nosso cardápio, imaginando que o produto mais procurado seja o café, começamos com os lanches, salgados e doces para que o cliente passe por eles antes de fazer o seu pedido tradicional. Isso aumenta a chance de compra de outros produtos além da bebida, o que pode impactar o ticket médio do negócio”, explica.
Fiamenghi também destaca a flexibilidade de poder, a qualquer momento, inverter a ordem de navegação e disposição e destaque dos itens como um dos pontos altos dos cardápios digitais ou híbridos. “Na Sanpê, acompanhamos um pouco o humor do dia. Se está calor, colocamos os colds, os cafés gelados e as gasosas, que são as sodas italianas, mais para cima. Em um dia mais frio, destacamos o chocolate quente, o capuccino, o café com leite, por exemplo”.
Os cardápios desenhados nas paredes, que deixam ainda mais modernas algumas cafeterias, também funcionam para dar esses destaques e vender promoções estratégicas para o estabelecimento. Mas o especialista faz uma ressalva: “não acho muito funcional replicar todo o cardápio – seja online em um tablet, seja impresso – em painéis grandes ao longo da cafeteria. Acho que acaba gerando dificuldade de compreensão e análise”.
Na Sanpê, há espaços para comunicação rápida de alguns itens, ou em cartazes A1 (bem grandes) ou em espaços menores, displays em acrílico que ficam pelo balcão e são trocados constantemente. “Temos um display de um espresso tônica, com uma foto incrível tirada por um fotógrafo, com gelo caindo dentro do café e a bebida ‘explodindo’… Tem todo um apelo visual e, nos dias mais quentes, acabamos colocando esse cartaz, que é preso com um velcro, próximo à entrada do café. E isso acaba chamando bastante a atenção”, explica.

Tendência que faz dos cardápios vitrines irresistíveis
As palavrinhas mágicas capazes de chamar a atenção dos clientes e transformar o desejo em negócio são duas: venda sugestiva. E essa é uma estratégia que funciona muito bem nos cardápios digitais.
“Quando o cliente compra alguns itens em nossa cafeteria, o sistema automaticamente oferece um produto que combina. O ideal é que seja, preferencialmente, um item de valor menor do que o do produto escolhido”, ensina o especialista.
“Oferecemos automaticamente um cantucci (de R$ 2,99), biscoito italiano, para mergulhar com os cafés que vendemos aqui, os puristas e os lattes, além de chocolate quente, cappuccino e mochaccino. Não é nenhuma surpresa que seja hoje um dos produtos mais vendidos do cardápio”, revela.

5 passos para fazer um cardápio de cafeteria perfeito
Anotem aí as 5 regrinhas básicas para oferecer um cardápio que dê orgulho e fortaleça as vendas da sua cafeteria:
1. Clareza é tudo
Mais do que bonito e a “cara” da cafeteria, um cardápio ideal precisa ser claro, objetivo e autoexplicativo. Confusão gera ou desistência ou a compra apenas dos itens já conhecidos.
2. Vai de híbrido
Se puder investir em tecnologia, ainda que seja em um QRcode que dê origem a um cardápio híbrido, faça. Cardápio bom e sem muitos custos é dinâmico – especialmente em tempo de grandes mudanças de preços dos produtos.
3. Instigue e conduza
A sequência de produtos e serviços elencados também precisa seguir uma lógica e ordem instigante para os clientes. Só assim é possível apresentar as novidades, especialmente aos antigos clientes.
4. Um toque de sedução
Em cardápios digitais ou híbridos, procure destacar o preparo de algum produto. Uma foto ou vídeo (ainda que caseiro) do seu carro-chefe sempre valerá mais do que mil palavras bonitas.
5. Recomende
E, finalmente, não deixe de pensar e destacar os produtos que levam à tal venda sugestiva – aquela estratégia de sempre oferecer a companhia ideal para acompanhar o cafezinho escolhido.

Se você é dono de uma cafeteria, vai ser muito mais fácil com essas dicas acima você ficar animado quando um cliente pedir para dar uma olhada no seu cardápio. Só é importante lembrar que, por mais bonito ou funcional e prático que a “vitrine dos seus produtos e serviços” seja, há um diferencial que sempre será insuperável – e que não cabe em nenhum tipo de menu, porque vem de fora.
“O cardápio é apenas uma ferramenta e não substitui um atendente, barista ou bodegueiro (como chamamos aqui), que interage, conversa, facilita a compreensão e tira dúvidas do cliente na hora de escolher um produto”, resume Fiamenghi.
Para o especialista, os cardápios campeões envolvem principalmente o acolhimento de alguém preparado para traduzir e enaltecer tudo de bom e diferente que uma cafeteria oferece.
Créditos: Divulgação Sanpê (cardápios digitais, bebidas com cantucci e Tiago Fiamenghi); Mizuno K (moça com lousa); Paul Voie (detalhe de cardápio de parede); Ron Lach (pessoa de costas lendo cardápio); Kampus Production (atendente servindo café).
PDG Brasil
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