Sua ideia de cafeteria é uma oportunidade de negócio?
Por Ana Argenta, colunista do PDG Brasil
Costumamos dizer que de ideias o mundo está cheio. E, claro, isso também se aplica quando o negócio é uma cafeteria. Parece que a criatividade não tem limites e, a cada atendimento que faço com um (futuro) empresário, surgem ideias que eu jamais teria pensado, mesmo já trabalhando na área há anos.
Mas será que sua ideia é realmente uma oportunidade de negócio?
De forma direta, sabemos que oportunidade de negócio é criar um serviço ou produto para suprir uma demanda não atendida em um determinado mercado. Mas, se já há tantas cafeterias no mercado, como vou saber se a minha ideia pode ser uma oportunidade de negócio?
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Questionamentos e pesquisas sobre a cafeteria
Para começarmos, trago algumas reflexões que sempre apresento para os meus clientes:
- Sua ideia vai satisfazer alguma necessidade do seu público?
- Tem um conceito diferenciado?
- Vai agregar valor?
- É importante para quem vai consumir?
- É uma ideia que vai se sustentar por quanto tempo?
- É viável financeiramente?
Até aqui são perguntas simples que vão identificar essa necessidade, mas depois é preciso da validação do seu negócio. E é aí que entra a etapa mais complexa.
Nesta parte se investe muito em pesquisar o mercado de cafeterias. É preciso destinar tempo para visitas e treinar seu olhar clínico. Sim, visitar cafeterias de todos os tipos, tamanhos, formato e modelos diferenciados, e claro, observar também:
- O comportamento do consumidor,
- O que consome,
- O fluxo de pessoas no local,
- Qual é o perfil desse público,
- Quais são os horários mais movimentados,
- Como é o atendimento da equipe de funcionários.
Além, claro, de olhar cardápios e tudo mais que você possa imaginar e buscar para comparar e se inspirar. Já diria Warren Buffett: “Nunca invista em um negócio que você não consegue entender”.

Planejamento
E depois disso vem a fase de planejamento. Antes de tudo, é preciso montar um plano de negócios. E aqui vale uma indicação para quem está iniciando nessa parte: sempre indicamos o modelo fornecido pelo Sebrae, além dos cursos gratuitos que oferecem.
E vale pontuar que, durante essa etapa, será necessário fazer a investigação do mercado local, a busca pelo ponto ideal, selecionar profissionais com experiência para o projeto arquitetônico, verificar a necessidade de reforma, além das questões burocráticas que toda instalação do negócio envolve. E não esquecer também do plano de marketing, algo tão essencial na atualidade.
E, de nada adianta elaborar todo esse projeto e investir seu tempo e dinheiro, se você não acreditar profundamente na sua ideia, naquilo que você está empreendendo. Por isso, crie algo que tenha a ver com você, com os seus ideais, e que corresponda com o que você realmente acredita.
Mercado em evolução
Fazendo uma retrospectiva, de uns 15 anos para cá as cafeterias eram, na sua maioria, meio “padronizadas”. Eram muito parecidas, espaçosas, com atendimento à mesa e equipes grandes. Os cardápios eram lotados de opções que até chegavam a confundir na hora da escolha. E não havia uma preocupação com a origem do grão do café e muito menos com a técnica empregada no preparo, além de a profissão barista não ser reconhecida.
Lembro de algumas prospecções onde oferecia o serviço de treinamento para a equipe e os empreendedores achavam aquilo sem sentido, pois a resposta era “Café é tudo igual, pra que vou investir em melhorar se o cliente não vai perceber a diferença?”.
Mas ainda bem que o cenário foi mudando, avançando, e hoje temos uma diversidade de tipos de cafeterias. Foram vários projetos que iniciaram como ideias e se transformaram em oportunidades de negócio, sendo hoje de grande sucesso.

Muitos formatos possíveis
Vou apresentar algumas tendências, listando tipos de cafeterias que já são ou serão mais frequentes de vermos no nosso dia a dia:
- Micro-cafeterias: conceito que está pipocando em todo lugar, sejam elas apenas no modelo porta (atrelados ao modelo “To Go”), ou compartilhando seu espaço com outros negócios. São espaços compactos, geralmente apenas com um balcão e com operação enxuta, focados na entrega rápida e na praticidade.
- Com espaços ao ar livre: se a pandemia deixou traços, um deles foi a elevada procura por ambientes que tenham mesas ao ar livre e maior circulação de ar.
- Condomínios híbridos (comerciais e residenciais): São os atuais espaços de coworking junto às residências (muitas vezes até com hospedagem para viajantes a trabalho), onde se destina um espaço também para implementar uma cafeteria aos usuários e residentes daquele espaço. Esse formato apresenta como grande vantagem ter públicos distintos, mas que utilizam o café como conveniência tanto em dias úteis, como aos finais de semana.
- Cafeteria sustentável: ainda parece um sonho, mas já existem cafeterias físicas com essa pegada mais ecológica, focados em reduzir o lixo, com descartáveis biodegradáveis (geralmente feitos de fibra de bambu) e que utilizam insumos e produtos 100% naturais, valorizando a cadeia de produção local.

Avaliando as oportunidades – a Matriz SWOT
Agora que sua cabeça já está borbulhando com mais ideias e reflexões sobre elas, vale fazer a análise SWOT para ver se ela é realmente uma oportunidade. De modo breve, você pode fazer as seguintes perguntas a si próprio:
- Quais são as oportunidades que esse negócio oferece?
- Quais são as ameaças se eu seguir com a ideia adiante?
- Quais são as forças e as fraquezas para abrir o negócio?
- Vou ser feliz seguindo adiante?
Para quem nunca fez uma matriz SWOT, ela é bem simples. O importante é focar em dois ambientes: o interno e o externo. Na análise interna, são avaliadas as forças e as fraquezas, ou seja, os pontos positivos e negativos do projeto. Já no cenário externo, avalia-se as oportunidades e as ameaças que outros fatores irão influenciar, como os concorrentes, público e mercado, a cultura local, entre outros.
Assim, você cria um panorama global da situação em análise, para então decidir estratégias para tirar a ideia do papel, ou desistir de levá-la adiante. E, de novo, demande energia naquilo que você acredita!
“Pronto, acho que já tenho tudo estruturado na minha cabeça, e agora?” Que tal pedir a avaliação de consultores, ou até de amigos da área, que possam te auxiliar ou apontar os acertos e erros que seu negócio pode gerar? Quem tem experiência tem sempre algo a compartilhar.

E agora sim, se você está com tudo estruturado e planejado, seja sozinho ou com a ajuda de consultores, agora é hora da prática. Elabore um plano de ações com prazos e metas. E, ó, não esqueça de me convidar para conhecer sua cafeteria depois hein? Quero ver esse mundo cheio de bons cafés e bons negócios!
Créditos: Jon Tyson (placa com bebidas); João Marcelo Martins (comidinhas e café); Charlie Firth (café to go); Aakifah Shaikh (coffee truck); Rachel Brenner (prensa francesa).
PDG Brasil
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