Amor cafeinado: conheça a história de casais que dividem a paixão pelo café
O Brasil é o único país do mundo que comemora o Dia dos Namorados em 12 de junho. A data instituída por questões publicitárias acabou se popularizando mais do que o Dia de São Valentim, celebrado em 14 de fevereiro. Um dos motivos para isso é o fato de a comemoração brasileira ocorrer na véspera do Dia de Santo Antônio, que é homenageado nas festas juninas e é conhecido como casamenteiro.
Para comemorar essa data tão especial, o PDG Brasil ouviu três casais apaixonados que também estão em um relacionamento sério com o café. Os entrevistados comprovaram que o amor pode estar onde menos se espera e se manifestar das maneiras mais inusitadas. Acompanhe conosco as histórias desses romances que envolvem profissionais de café e coffee lovers.
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Amor à primeira vista
Natalia Teles é nascida e crescida em Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Ela investiu na carreira de Hotelaria, mas acabou indo para a área de alimentos e bebidas, com foco no barismo. “Sinto que o café realmente me escolheu, porque eu nem tomava”, confessou a jovem de 24 anos, que fez cursos no Octavio Café e teve Martha Grill como tutora, além de ter feito treinamentos na Starbucks. Depois, ela migrou para a área de eventos, workshops e treinamentos.
Diffy Oliveira, por sua vez, é natural do nordeste de Minas Gerais e é o segundo mais novo de uma família de sete filhos. Ainda adolescente, ele se viu sem perspectivas na terra natal e decidiu se mudar para a capital paulista para tentar a vida. Os primeiros trabalhos na grande metrópole foram em empresas da conhecida região de comércio popular da Rua 25 de Março.
Com realidades totalmente distintas e morando em uma grande cidade, Nat, como é mais conhecida, e Diffy tinham poucas chances de se encontrar. Porém, os dois se conheceram em um domingo de manhã no ano de 2018. Um estava saindo para ir trabalhar em uma cafeteria, enquanto o outro voltava de uma noitada andando de skate com os amigos. Os olhares se cruzaram e depois de cinco minutos de conversa o primeiro beijo aconteceu, e eles nunca mais se desgrudaram.

Natalia e Diffy alugaram uma casa e passaram a dividir o mesmo teto apenas 20 dias após o episódio. Durante a convivência diária, o casal descobriu que o café conectava a vida de ambos. Na infância, o então funcionário de almoxarifado tinha uma produção artesanal do fruto na residência em que morava no Vale do Jequitinhonha. “Minha família plantava e colhia café. Eu tinha algumas variedades no quintal de casa, como bourbon amarelo e catuaí vermelho”, relembrou. Inspirado pela cônjuge, o rapaz de 30 anos aceitou o desafio de trocar de área e investir na carreira de barista.
Compartilhando da mesma profissão, criaram o projeto Baristando a Dois e passaram a trabalhar juntos. Além das consultorias e dos serviços prestados para empresas, o casal participou da estruturação do cardápio e da operação do Café de Marte. Ao comentarem sobre a parceria, Nat, que é mais focada nas questões técnicas do café, e Diffy, que tem experiência no atendimento ao cliente, revelam que cada um possui habilidades que se complementam.

Ao serem questionados sobre o segredo para manter um relacionamento saudável e duradouro, mesmo vivendo e trabalhando juntos, eles afirmaram: “é importante respeitar e manter a individualidade de cada um”. Outro ponto crucial é nunca misturar os assuntos domésticos com os profissionais. Sobre o futuro, Natalia Teles e Diffy Oliveira, que são tutores de três gatos e um cachorro, confidenciaram que pretendem abrir uma cafeteria própria que cause impacto social positivo, além de ter um filho. “A gente quer ser um degrau para muitas pessoas e poder compartilhar tudo o que podemos oferecer”, concluiu o casal.

A consultoria que rendeu frutos
Otávio Augusto, de 25 anos, é de Patrocínio, considerada a capital do café no Cerrado Mineiro. Lá, se formou em Tecnologia em Cafeicultura e começou a trabalhar com denominação de origem na Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
Ao sair do emprego em 2019, Otávio decidiu fazer uma viagem de lazer a São Paulo. Porém, se encantou pela cidade e fixou residência na capital paulista. Também barista, Otávio teve passagens pelo Coffee Sweet Coffee e pela Um Coffee Co. até chegar à Dengo Chocolates.
Luis Paulo Farias deixou São Luíz do Paraitinga para cursar Geografia na Unesp de Ourinhos, mas acabou se graduando na USP. Ele também atuou em diversas áreas, como planejamento ambiental e geomarketing, até se consolidar no setor de inteligência de mercado. Por conta do trabalho no mundo corporativo, Luis adquiriu o famoso hábito de tomar espressos na rua.
Foi tomando cafezinhos próximo do trabalho que Luis, hoje com 36 anos, foi convidado por um colega de empresa para abrir uma cafeteria. Para dar início ao projeto, o marketeiro começou a colher informações e a procurar por consultorias para o futuro negócio. “A gente conheceu na época o Sterna Café, que estava começando a abrir franquias e chegamos a ficar interessados”, contou Farias. Sem conseguir profissionais que se encaixassem no orçamento, ele decidiu usar as redes sociais para buscar consultores de fora de São Paulo, que pudessem auxiliar no fornecimento de café. Foi assim que o empreendedor iniciante fez o primeiro contato com Otávio no fim de 2018.

Porém, as trocas de mensagens se mantiveram no âmbito profissional, já que Luis Paulo era comprometido e não havia notado nenhum interesse afetivo do cafeólogo. “Ele veio todo chato me respondendo”, brincou Otávio. Com uma mudança de planos da sócia investidora do projeto, que preferiu comprar uma casa de praia, as negociações foram interrompidas e os dois decidiram manter a amizade pela internet. Com a mudança de Otávio para São Paulo, eles se viram pela primeira vez no 1268 Café, que ficava no Museu Lasar Segall. Na ocasião, o ex-cliente foi acompanhado do então namorado.
Os dois acabaram ficando em um momento de crise do relacionamento de Farias, mas acabaram se distanciando por conta da pandemia da Covid-19. O mineiro passou uma temporada na casa da mãe em Patrocínio, enquanto o paulista decidiu dar uma segunda chance para o ex. Foi somente em maio de 2021, que Luis percebeu que Augusto poderia ser a pessoa certa para ele e decidiu procurá-lo. A relação começou a se desenvolver de maneira natural, e eles passaram a morar juntos.

Com a influência do companheiro e barista profissional, o coffee lover passou a apreciar mais os métodos coados em vez do espresso tradicional. O casal começou a colecionar equipamentos e a comprar diferentes grãos de café, além de plantas. Visitar cafeterias também se tornou um hábito frequente, que também foi incluído nos roteiros das viagens nacionais e internacionais de Luis Paulo Farias e Otávio Augusto. Sobre o futuro, eles estudam investir em um negócio de pequeno porte ou até trabalhar com barismo no exterior.

Um balcão e um amor
Fabiana Fedato, de 45 anos, é uma típica moradora da Mooca. Sempre fazendo tudo na região, ela só se locomovia para outros cantos de São Paulo para fazer faculdade e trabalhar. Formada em Publicidade e Propaganda pela ESPM, a então funcionária de uma agência também cursou Design e Desenho Industrial no Mackenzie, após tomar gosto pela criação de material gráfico. Foi trabalhando em um escritório que ela criou o hábito de sempre tomar um café no intervalo do almoço. “Eu gostava do ambiente de cafeteria e até desenvolvi um projeto do tipo na época em que estudava”, detalhou Fabi.
Ivon Ciuffa, de 44 anos, também é moquense e passou a infância brincando pelas ruas do bairro. Por conta da boa comunicação e da habilidade em se virar, o descendente de imigrantes italianos acabou se inserindo na área comercial, na qual atuou por muitos anos. Nos momentos de lazer, o torcedor do Juventus gostava de desbravar a cidade de bicicleta. Foi exatamente em um passeio pelo Bom Retiro, que Ivon viu a vida começar a mudar.
O vendedor ciclista ficou curioso com uma cafeteria e decidiu parar para conhecê-la. Ciuffa foi atendido pela barista Cinthia Bracco, que falou sobre os cafés especiais e ofereceu um coado. Ao provar esse tipo de método e de grão pela primeira vez, ele se encantou e passou a visitar outros estabelecimentos do tipo. “Foi andando de bicicleta que eu conheci o café especial e virou uma chave na minha cabeça”, relembrou Ivon. Empolgado com o novo hobby, ele foi convidado a abrir um negócio com um amigo no Museu da Imigração. Assim, abandonou a antiga profissão, fez cursos no Coffee Lab e no Museu do Café, e inaugurou o Cantina em 2016.

Consolidada na carreira, Fabiana pediu demissão do emprego e abriu a própria agência de design com um sócio. Com isso, ela começou a trabalhar em home office e passou a ter mais tempo livre e qualidade de vida. Com isso, a diretora de criação conseguiu voltar a apreciar as coisas que a Mooca poderia oferecer. Apreciadora de ambientes bonitos e descolados, ela decidiu conhecer a cafeteria na qual o futuro marido trabalhava. Mesmo morando a vida inteira no mesmo bairro e frequentando os mesmos lugares, os dois nunca haviam se encontrado.
Na primeira visita, a designer acabou se encantando pelo barista. “Ele saiu da cozinha e vestia uma camisa do Juventus e eu olhei e achei interessante”, confessou Fabiana. Por isso, ela começou a frequentar o café ao menos uma vez por semana. Sem perceber o interesse amoroso da freguesa, Ivon costumava apenas conversar casualmente com ela no balcão. Após três meses de papo, Fabi estava decidida a desistir dos flertes quando foi convidada para ir ao cinema. A partir daí, o relacionamento engrenou. Bastante divertidos e animados, os dois passaram a aproveitar os momentos de folga para conhecer cafeterias, restaurantes e locais de cultura.
Com o apoio da amada, Ivon vendeu o carro novo que tinha para comprar um Fusca. O automóvel foi totalmente customizado e acabou batizado de Macchiato. Juntos, criaram o projeto Fuscafeinado, que participou de diversos eventos privados e abertos ao público. Por ser um veículo antigo, ele já deixou os donos em apuros abrindo a porta sozinho, perdendo uma roda na estrada e sendo guinchado após uma pane geral. Apesar disso, a empreitada animou Fabiana Fedato e Ivon Ciuffa que se casaram em uma cerimônia intimista na Mooca, adotaram um gato e se tornaram sócios do Visconde Cafés Especiais.

Três histórias. Caminhos que se cruzaram entre xícaras. E o café mais uma vez provocando encontros, criando aquele momento olho no olho e inspirando sonhos.
Créditos: Acervo pessoal dos entrevistados, Akio Uemura, Diffy Oliveira, Fabiana Fedato, Ivon Ciuffa, Luis Paulo Farias, Natalia Teles e Otávio Augusto.
PDG Brasil
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