Ocasiões especiais, comemorações ou apenas um café da manhã diferente. Há muitos motivos para querermos um mimo, independentemente da ocasião. Pensando nisso, algumas marcas e cafeterias oferecem kits de café da manhã para aquele momento bem especial.

Pensados e montados com carinho e qualidade, algumas empresas conseguem acertar e proporcionar um momento único para seu público.

Para mostrar como funcionam os bastidores desse serviço que tem ganhado cada vez mais espaço no mercado, o PDG Brasil entrevistou três pessoas com expertise no assunto para sanar algumas dúvidas para quem quer implementar e dar uma dica de onde os leitores podem conseguir essa experiência.

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Por que montar os kits de café da manhã?

Oferecer kits de café da manhã não é novidade, mas, assim como o aumento de vendas em plataformas de e-commerce, esse modelo ganhou mais força por conta da pandemia de Covid-19, principalmente nos períodos em que as pessoas não podiam sair nas ruas à vontade.

Poder criar uma relação mais estreita com o cliente, levando a experiência do local para dentro de casa se mostrou uma ótima alternativa. E manter essa relação entre cliente e estabelecimento com modelo como o dos kits foi fundamental para as cafeterias, ajudando a complementar o faturamento ou até mesmo se tornando a atuação principal do negócio.

Gabriel Agrelli, sócio- fundador do Abgail Café em Campinas, que já trabalhou por 11 anos na Fazenda Daterra e tem formação em Relações internacionais, nos conta sobre por que atuar nesse modelo de produto. “A ideia de produzir kits para datas especiais sempre existiu na Abigail, porém somente a tiramos de fato do papel durante a pandemia. Uma vez que não podíamos atender nossos clientes dentro de nosso espaço físico, passamos a criar diferentes diferentes kits e experiências que levassem a Abigail para dentro da casa deles.”

Giovanna Serrano Escobar, idealizadora do projeto Fabrikafe, é formada em Marketing, ministra cursos e participa de eventos voltados ao café. Ela diz: “Acredito que todo momento que permita criar uma conexão com o nosso público é válido e importante para a gente prestar atenção. Principalmente considerando que datas como Dia das Mães, dos Namorados ou Natal têm um significado muito grande para as pessoas por trás de cada compra. Trata-se de cuidar dos detalhes para fazer aquele presente que por muitos é considerado comercial em um presente humano, quem pensa tanto em quem presenteia como quem recebe o agrado.”

1 – Como começar?

Para dar um passo inicial e criar kits de café da manhã, são necessários criatividade, carinho e principalmente planejamento.

Criar acessibilidade de linguagem, se aproximando do público é algo importante para fortalecer a marca e sua relação com o consumidor.

Daniel Tavares, barista, proprietário e idealizador do OCabral, nos conta sobre a importância da comunicação. “Sempre nos posicionamos com uma linguagem tranquila para falar de qualidade, buscando identificação e aproximar cada vez mais o nosso público.”

Estudar o público e fazer uma marcação no calendário das datas é um passo importante para acertar a montagem dos seus kits. Para Gabriel, essa autoavaliação é algo primordial. “Cada negócio ou estabelecimento cria identificação com um público específico. O primeiro passo é entender o que o seu negócio oferece enquanto experiência, produto e serviço, que atraem aquele público específico.”

2 – Estoque inicial

É preciso ter atenção e ser assertivo ao fazermos o estoque para a montagem dos kits de café da manhã. Quando trabalhamos com produtos perecíveis, é preciso muita atenção, já que, se não forem vendidos, viram descarte e entram nos custos da empresa, causando desperdício e prejuízo e não lucro. Por isso é preciso ter planejamento.

Por isso, separamos quatro dicas para facilitar a avaliação e compra dos produtos:

• estipule um número de vendas, de acordo com suas experiências com os clientes;

• proponha a venda antecipada;
• prefira a venda por encomenda;
• coloque datas limites para passar os pedidos.

Há também outros desafios que podem surgir que cada entrevistado pontuou:

Gabriel lembra que, “se forem itens perecíveis, a produção deve ser bem pensada para que não haja perdas. Se forem itens não-perecíveis, a demanda deve ser bem projetada para não que não sejam feitos grandes investimentos em produtos que não serão vendidos após a data comemorativa”.

Para Giovanna, um dos pontos importantes é entender o que será produzido por você mesmo ou terceirizado. “Assim pode-se produzir antecipadamente -ou sob demanda se for o caso- e fazer pedidos sem se prejudicar pelos prazos de entregas caso seu fornecedor esteja fora do seu Estado.”

3 – Embalagem

A apresentação nas fotos inspira os clientes a adquirir o item, mas o que o faz comprá-lo de novo é a sensação quando o abrem pela primeira vez, causando uma euforia satisfatória. As cestas podem ser um ótimo presente, e é nesse momento que essa questão estética fica ainda mais rigorosa.

“O visual conta muito. Por aqui trabalhamos com simplicidade e elegância em nossas caixas, tentando sair do comum. As caixas continuam saindo daqui com uma Safe Bag”, explica Daniel.

Há uma outra questão importante para as empresas, clientes e meio ambiente: como fica o desperdício de embalagens? Afinal cada produto deve ser embalado separadamente.

Questionado sobre o tema, Gabriel nos fala que na Abigail eles escolhem sempre trabalhar com embalagens de materiais sustentáveis e que passem um ar artesanal, de algo feito à mão. “Utilizamos tecido de reaproveitamento de confecção de roupas, papel, materiais de origem vegetal com menor pegada de carbono etc. Tudo isso faz parte do conceito que construímos para o nosso produto e tem a ver com a linguagem que trazemos aqui na nossa cafeteria.”

4 – Preços

Definir os preços é um passo decisivo para ter sucesso e continuar realizando qualquer trabalho. Quando tratamos de algo que envolve não somente uma questão de qualidade dos produtos, mas também uma questão estética muito importante, como devemos proceder?

“A precificação não é muito diferente do que já é feita para produtos da cafeteria. Neste caso as embalagens devem ser levadas em consideração, pois muitas vezes acabam representando uma boa parte do custo de produção do kit”, explica Gabriel.

Giovanna acredita que cada empresa tem uma realidade muito específica nesse sentido. “Mas uma boa maneira de precificar é calculando o tíquete médio e buscar entender a capacidade de compra dos nossos clientes.” No entanto, levando em consideração a situação financeira frágil do país e aspectos sociais, ela nos conta como trabalha esse aspecto para que mais pessoas tenham acesso a esse produto.

“No meu caso, tento manter os produtos acessíveis, pois a realidade no Brasil hoje em dia é muito desigual, tendo pessoas que podem pagar muito por um produto que sabem que é de qualidade ou pessoas que realmente desejam consumir melhor e têm poucos recursos para isto.”

Ela ainda acrescenta: “Tento pensar em todo mundo e manter no meu site um kit que chamo de ‘Básico’ o ano todo. Assim, quando alguém quer algo diferenciado pagando um valor menor, há essa opção. E, mesmo assim, meu preço para os produtos de datas especiais é o mais justo possível dentro da minha realidade”.

5 – Entrega

Ser coerente de ponta a ponta fideliza o cliente. E ter um produto de qualidade, junto a um ótimo atendimento é o melhor marketing que um estabelecimento pode ter.

A entrega pode ser um dos maiores desafios, pois, quando a terceirizamos e o produto sai de nossas mãos, erros e atrasos ficam mais complicados de resolver.

Trabalhar com entregas próprias é sempre a opção mais segura para que o produto chegue em segurança, bem acondicionado e inteiro até seu cliente. Muitas vezes, porém, as cafeterias não dispõem desse serviço, devido aos custos elevados.

Normalmente cafeterias que não possuem a opção da entrega própria optam por serviços de entrega. Porém há o risco do produto chegar danificado, os alimentos amassados ou entrega pode demorar mais do que o combinado. A dica é buscar fornecedores de entrega que sejam de confiança, indicados por colegas ou que já tenham apresentado boa performance.

6 – Hospitalidade

Daniel nos diz que, sem hospitalidade e bom atendimento, não se conquista o cliente. “Se o cliente não se sentir confortável no processo de venda, e o produto não chegar da forma adequada e na hora marcada, por exemplo, com certeza ele vai pensar duas vezes antes de voltar.”

Gabriel recomenda a transparência e a resolução rápida. “Após a entrega, caso haja algum problema, é necessário tratar com o cliente da melhor forma possível, até porque queremos fidelizá-lo para que compre outro kit na próxima campanha.”

Finaliza ressaltando a importância do bom atendimento: “Se a entrega for bem realizada, e o cliente estiver satisfeito com o produto, ele certamente vai comprar de novo em outra campanha. Além disso, há chances de ele postar nas redes sociais ou indicar para amigos. O pós-venda é muito importante!”.

Giovanna completa dando um exemplo de hospitalidade. “A flexibilidade e a abertura para conversar detalhes da encomenda costuma ser bastante presente nos meus atendimentos, assim podemos garantir que a pessoa sinta-se acolhida e compreendida de início ao fim.”

Pudemos observar que montar esses kits não é uma tarefa fácil, mas sim cheia de detalhes que podem fazer a diferença na hora da venda e principalmente na experiência do consumidor.

Há diversas formas de realizarmos o trabalho, mas o objetivo sempre será o mesmo: poder levar um pouco de felicidade dentro de uma caixa para a casa das pessoas. Colocar um sorriso no rosto de quem recebe e ter um bom relacionamento entre cliente e o seu negócio.

Créditos: Daniel Tavares/Divulgação OCabral (destaque, kit com canecas e kit com frutas); Gabriel Agrelli/Divulgação Abgail Café (kits embalados com tecidos e mesa posta); Giovanna Serrano Escobar/Divulgação Fabrikafe (kit com pote, kit com vários cafés e café sendo servido).

PDG Brasil

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