1 de junho de 2022

Como se preparar para uma boa colheita de café

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Para quem gosta de conhecer a procedência de seu café, os processos pelos quais ele passa antes de chegar até nossas xícaras, sabe que uma das etapas mais esperadas e importantes de cada safra é a colheita.

Ela sozinha não é o único parâmetro a ser cuidado, mas com certeza nela está um dos momentos mais decisivos de todo processo, junto com o pós-colheita e todo o beneficiamento, que segue de mãos dadas como a próxima etapa dessa parte do processo.

Você conhece as etapas de preparo pelo qual passa uma fazenda que está se preparando para a colheita? Qual a importância de fazer essa etapa bem feita? E como garantir no pós-colheita que a qualidade almejada na etapa anterior, se mantenha ou até se potencialize?

Essas, e outras dúvidas, o PDG Brasil vai esclarecer com a ajuda especializada, a fim de entendermos um pouco mais sobre o café que a gente toma. Não deixe de ler até o final.

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preparar para boa colheita

Como uma fazenda se prepara para a colheita?

Bruno Batista Ribeiro é engenheiro agrônomo, mestre e doutor especializado em cafés especiais, proprietário e consultor da Origina Especialistas em pós-colheita de cafés. Residente em Lavras (MG), já cuidou de cafés campeões do Cup of Excellence.

Também atua em parceria com a Palinialves, empresa especializada na produção e no fornecimento de maquinários e soluções tecnológicas para fazendas e armazéns de café, há 40 anos. Seus clientes são cafeicultores e cafeicultoras de todos os portes, exportadores, cooperativas, associações. 

Segundo Carlos Henrique Palini, Diretor Comercial da Palinialves, a etapa da pré-colheita é muito importante. “É nessa etapa que o produtor precisa se atentar para o volume de café a ser produzido, ao método de processamento a ser utilizado, se sua estrutura está dimensionada para atender a demanda de processamento, verificar o estado do maquinário a ser utilizado, revisar a qualidade dos materiais e adquirir peças e equipamentos para ter uma colheita eficiente e produtiva.”

Pelas palavras do engenheiro Bruno Ribeiro: “as propriedades cafeeiras passam por um período que chamamos de preparativos pré-colheita, um momento importantíssimo para o bom andamento da colheita e pós-colheita dos cafés”.

Nesse momento, são trabalhados os seguintes pontos:

  • Uma das etapas mais importantes e primordiais: levantamento da mão de obra necessária e capacitação dos colaboradores. Os cafés são feitos por pessoas, correto? Mas os resultados na qualidade dos grãos demandam de detalhes técnicos;
  • Monitoramento da maturação dos cafés, visando uma colheita com o mínimo de cafés verdes (imaturos) e com o máximo possível de cafés maduros, desde que não esteja tendo queda significativa de cafés no chão (desprendimento da planta). Nesta etapa, as propriedades cafeeiras buscam levantar a estimativa de sacas que serão produzidas, a separação das lavouras com maturação precoces, tardias e normais, visando auxiliar na logística de colheita e pós-colheita;
  • Revisão, aferição e manutenção de maquinários, equipamentos e utensílios. Minimizar imprevistos durante a colheita dos cafés é um grande ganho;
  • Verificação de peças de reposição, aquisição de panos, lonas, peneiras, sacarias, bags, correias, rodos para a secagem dos cafés etc.;
  • Reparos e manutenção em estradas, carreadores e terreiros. Preparo da lavoura para a colheita, como exemplo, a arruação;
  • Limpeza de estruturas, maquinários e equipamentos;
  • Verificação do código de segurança dos colaboradores;
  • Preparo da rastreabilidade que será adotada nos lotes;
  • Instalação de sistema de prevenção e combate a incêndio. Aqui Bruno faz um alerta: “Já atendi algumas propriedades que, por questões de não instalação de extintores, tiveram estruturas como secadores, tulhas, máquinas de benefício incendiadas (além dos cafés no local)”.
processamento de café

Qual o método de colheita ideal para cada lavoura?

Sabe-se que existem distintas maneiras de se colher o café, que varia de acordo com aspectos específicos de cada lavoura, como: ondulação do solo, espaçamento entre pés, sistema de produção, idade da lavoura, entre outros pontos relevantes para que um produtor determine o método de colheita que ele utilizará.

O método de colheita é um fator importante para obtenção de um café de qualidade, pois, os procedimentos adotados nesta etapa podem influenciar na qualidade dos grãos colhidos. Conheça a seguir os principais métodos de colheita.

tipos de colheita

Bruno conta que o método de colheita escolhido deve estar de acordo com o nível tecnológico do produtor, seus objetivos durante o processamento pós-colheita e secagem e demandas dos clientes compradores.

“Podem ser adotadas colheitas seletivas manualmente e até mesmo com colhedoras tradicionais, automotrizes, derriças completas (de frutos maduros, mais secos e verdes) que posteriormente serão adotados processos para a separação desses frutos, como por exemplo o descascamento dos cafés para a separação dos verdes e retirada dos frutos boias.”

Alguns fatores podem influenciar nas tomadas de decisões quanto aos métodos de colheita:

  • Lavouras muito novas;
  • Terrenos declivosos;
  • Se a lavoura foi implantada visando a colheita mecanizada;
  • Cultivares com potencial de qualidade, visando a colheita seletiva ou semi-seletiva de frutos maduros;
  • A força de desprendimento dos frutos, podendo direcionar uma colheita que minimize estragos das lavouras.

“Confesso que um dos itens que mais impactam nas decisões do método de colheita, são os preços pagos pelos lotes produzidos. Existem diversas qualidades obtidas nos cafés e o produtor vai avaliar o custo-benefício das técnicas que serão adotadas, implementando-as ou não.”

pós-colheita de café

Colheita bem feita, e agora?

Colheita bem feita sim, de preferência sempre. Afinal, é o momento em que o trabalho de um ano todo é definido em poucas semanas. Bruno nos conta os aspectos que uma colheita bem feita visa considerar:

  • Qualidade nos cafés;
  • Liberação de lavouras e recuperação das mesmas para próximo ano;
  • Redução da incidência de pragas, como por exemplo a broca do café;
  • Agregação de valor nos lotes produzidos;
  • Redução de custos frente às decisões técnicas de colheita, período e janela de maturação;
  • Posicionamento e entrega de lotes, conforme a qualidade negociada;
  • Redução de queda de frutos no chão;
  • Resultados positivos para a evolutiva da propriedade cafeeira. Uma empresa vive de números, e os números “falam”.

“Aqui está o meu mundo, decisões após a colheita”, comenta Bruno. Em resumo: “precisamos manter os frutos com mínimo possível de quebras, sujidades, contaminações, com o posicionamento técnicas adequadas para cada lote, diante da maturação dos cafés, região de produção, processamento pós-colheita (descascados, despolpados, naturais, fermentados), estruturas de secagem e objetivo do produtor”.

“Simplesmente complexo. Uma mesma variedade de café pode resultar qualidades distintas, e isso está atrelado ao preço dos lotes. Costumo falar para os meus clientes: faça o melhor por todos os cafés e aguarde os resultados.”

processamento de café

Qual o processamento do pós-colheita que mais garante e preserva a qualidade dos grãos colhidos?

“Quando bem executados, todos os processamentos possibilitam a preservação e a obtenção de cafés de qualidade”, diz Bruno. Quanto menos machucados físicos nos grãos, melhores são as possibilidades de se conseguir cafés de excelência. Uma boa padronização de frutos quanto à maturação, auxiliam em muitos caminhos.

“Por exemplo, posso trabalhar um processamento natural com uma excelente secagem e descanso do lote. Com todos os cuidados técnicos e uma boa ajuda do clima, os resultados são fortemente promissores. Vale ressaltar que a qualidade está atrelada fortemente ao local de cultivo e às cultivares em potencial para este local.”

“Já para os processamentos via-úmida, é preciso ter cuidado com os ajustes dos descascadores para que se mantenha intacto o pergaminho dos cafés. Com isso, trabalhamos técnicas conforme o tipo de terreiro e questões climáticas local, que possibilitam cafés fantásticos. Um dos grandes cuidados a se atentar são os ajustes e utilização dos desmuciladores (há evidências de cafés danificados nessa etapa). Os despolpados, sem dúvida, têm sido um dos melhores caminhos para o sistema via-úmida: cafés suaves, delicados e coloração impecável nos grãos.”

seleção do café pós colheita

Maquinários e sua contribuição no pós-colheita

Um dos grandes desafios da qualidade dos cafés é a padronização de grãos, diz Bruno. Por conta das floradas irregulares, no cafeeiro podem ser encontrados frutos maduros, frutos secos, frutos em formação, imaturos, mal granados e brocados. Nessa hora é importante o papel dos maquinários, que auxiliam na padronização, separação, secagem, fluidez e logística de processos.

A Palinialves conta com uma infinidade de equipamentos, desde equipamentos para colheita do café, recolhedoras de café, carretas basculantes, transportadoras, de transbordo, sistema via úmida e via seca completo, que se adequa a diferentes níveis tecnológicos, visando atender todos os produtores.

Além do mais, conta com secadores rotativos, estáticos, transportadores, tulhas de descanso e toda linha de benefício e rebenefício para os cafés. A recém-lançada selecionadora de cafés por cores (frutos após a colheita), o novo cilindro de fermentação controlada e os painéis de automação são também fundamentais para a modernização do controle e fluidez nos armazéns de benefício e rebenefício, além de conferir maior valor agregado ao produto final.

A empresa também se preocupa com os produtores de micro e nano lotes para cafés especiais, produzindo equipamentos que permitem agilidade e facilidade no manuseio de lotes menores, como catadores de pedras, classificadores, mesas densimétricas, silos e outros. 

Todos esses equipamentos atuam em benefício do produtor e seu trabalho árduo na lavoura e pós-colheita, sendo as principais vantagens:

  • Fluidez de colheita;
  • Liberação de lavoura;
  • Logística de colheita e pós-colheita, perante ao volume diário de capacidade na unidade de processamento;
  • Separação dos cafés por maturação;
  • Redução de volume ao descascar os cafés, impactando em aproximadamente 40% de aumento na capacidade dos terreiros;
  • Secagem padronizada diante de técnicas adequadas, como por exemplo a secagem intermitente; 
  • O produtor consegue ver com mais certeza o rendimento dos cafés colhidos, o que realmente está saindo da propriedade, ao beneficiar e rebeneficiar os cafés.

Para Carlos Palini, a escolha dos equipamentos deve refletir as necessidades presentes e futuras dos cafeicultores: “Os cafeicultores possuem um grande desafio, escolher maquinários de qualidade, que tenham eficiência e durabilidade na colheita e no pós-colheita. A capacidade de processamento e o investimento em separação e processamento de lotes de cafés de qualidade deve ser pensado com calma, de forma que o produtor tenha o máximo de eficiência no uso dos equipamentos.”

Em resumo, Bruno conta que todos esses pontos vão impactar positivamente na qualidade física e na bebida dos cafés, que por sua vez estão atreladas aos preços pagos pelo produto final. “Produtor capitalizado é o objetivo de uma propriedade cafeeira”, comenta.

bruno ribeiro

6 dicas para uma boa colheita e que renda bons frutos

Perguntamos ao engenheiro as melhores dicas para orientar uma colheita feita de maneira adequada, e que gere lá na frente frutos da melhor qualidade possível:

  • Busque separar as lavouras conforme o histórico de qualidade nos cafés, visando uma boa logística de acesso das lavouras, conforme o distanciamento da unidade de processamento pós-colheita e maturação dos cafés;
  • Limpeza. Os cafés mais consistentes em bebidas são produzidos em propriedades que realizam a limpeza das estruturas, maquinários e implementos – diariamente. Implemente a rotina da limpeza nas etapas de colheita e da pós-colheita;
  • Como já dito: faça o melhor por todos os cafés. Não foque em um ou poucos lotes, trabalhe uma boa seleção de frutos, secagem, descanso dos grãos em todos os cafés e aguarde os resultados;
  • Invista em maquinários qualificados para o pós-colheita. Eles podem contribuir muito para a qualidade dos cafés;
  • Setorização e rastreabilidade. Setorizar as etapas de produção é uma forma de controle. E a rastreabilidade refina o quê, quando e como aconteceu;
  • E o principal: instrua, treine, informe a equipe de colaboradores. Não adianta cobrar resultados sem ensinar direito. As pessoas são as responsáveis pelos bons frutos, diante de um bom trabalho.
preparar para uma boa colheita

Resumo da ópera: esta é a hora certa de se dedicar e fazer tudo direitinho na lavoura. Contar com parceiros especializados e equipamentos que visam a qualidade e bons fluxos do processo é sempre uma boa pedida. 

Sem contar no investimento de cuidados e treinamento de equipe, pois desde lá na lavoura até nas cafeterias do mundo inteiro a máxima é a mesma: o café é feito por pessoas.

Que essa missão para contribuir neste caminho que o café faz da lavoura até nossas xícaras nunca seja deixado de lado, trazendo benefícios e valor para toda a cadeia. 

Créditos: Divulgação Palinialves (destaque com frutos de café maduros; frutos a serem selecionados; cilindro rotativo para fermentação controlada de cafés; conjunto de benefício; despolpador Ecozero; secador rotativo + controlador digital de temperatura sem fio; selecionadora eletrônica de cafés cereja); Bruno Batista Ribeiro (em campo); Divulgação Cerrado Mineiro (frutos de café no pé).

Infográfico: Lívia Fattori Scudeller

Observação: A Palinialves é uma patrocinadora do PDG Brasil.

PDG Brasil

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