A grande pergunta que todos que pensam em abrir uma cafeteria ou servir café têm que fazer a si mesmos mais cedo ou mais tarde: alugar ou comprar uma máquina de espresso?

Há vantagens e desvantagens em ambas as opções, mas os fatores têm pesos diferentes dependendo da perspectiva. Devemos considerar nesse momento pontos como capital de investimento inicial, estratégia de lucro e estudo de local. Mas sempre fica uma dúvida do que seria melhor para cada negócio.

O PDG Brasil apresenta neste artigo a visão de dois especialistas com anos de experiência, que já ajudaram diversos estabelecimentos a tomar essa decisão e agora estão aqui para ajudar os nossos leitores.

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Uma máquina de espresso é de fato necessária?

Podemos dizer que é um assunto bem polêmico, que pode gerar discussões longas e muitos pontos a serem analisados. As opiniões são divididas, há os que pensam que a máquina não é necessária.

No começo do mundo do café poderia ser caro e difícil ter uma máquina de espresso. Não somente o preço era um fator, mas a mão de obra treinada era raridade e poderia ser difícil fazer manutenção ou pessoas que soubessem consertar o maquinário.

Hoje a história é diferente; diversas empresas e até mesmo pessoas alugam e vendem máquinas de espresso e moinhos, com variedade de modelos, preços e tamanho para caber no seu estabelecimento e no seu bolso.

Em entrevista com nossos participantes, percebemos algumas opiniões que divergem, mas é importante pensar que estamos analisando principalmente qual será o público-alvo do negócio.

Gustavo Gama, sócio-diretor da Gran Coffee e formado em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina, fala que a máquina de espresso é um item essencial para a cafeteria, sendo o carro-chefe das operações.

Já Diego González, sócio-proprietário do Sofá Café e engenheiro florestal pela USP, fala que depende do posicionamento da marca e que não é algo obrigatório. Cita como exemplo a Dengo Chocolates que serve na maioria de suas lojas cafés coados e que assim conseguem administrar bem as lojas.

Podemos admitir que cafeterias instaladas próximas a pontos comerciais atraem muitas pessoas que gostam de tomar o seu espresso após o almoço, sendo um ritual para muitos profissionais.

Vale lembrar também que com a máquina de espresso é possível preparar, além do espresso em sim, as bebidas com leite vaporizado, como cappuccino, mochaccino e machiatto. Mesmo que já existam equipamentos domésticos que consigam vaporizar o leite separadamente, não há equipamentos que segurem um grande volume de preparo com a agilidade que a máquina de espresso proporciona.

Mas não devemos engessar ideias e ficar presos a conceitos, o mundo do café é bastante dinâmico. O melhor ponto comercial pode não ser ao lado de escritórios, pois as pessoas degustam o café em vários horários do dia e em diversos ambientes.

Enfim, podemos manter o clássico, afinal é uma receita que funciona, mas algumas cafeterias surgiram para desafiar esse conceito, cabe ao idealizador fazer essa escolha.

Alugar a máquina de espresso

A máquina de espresso pode ser sinônimo de custo baixo e alto giro para alguns, então podemos dizer que é excelente. Mas, em termos gerais, considerando ticket médio e o tempo que uma pessoa pode passar ocupando uma mesa e tomar somente um espresso, devemos pensar em como fazer essa operação funcionar.

Quando alugamos uma máquina de espresso, podemos cumprir contratos de aluguéis com preços fixos e mastigáveis, além de muitas vezes já estarem inclusos o moinho e a manutenção _inclusive com mais disponibilidade do técnico, sendo uma vantagem ter mais auxílio na manutenção e ajuda quando surge um problema em horário de pico.

Para fazer uma escolha, temos que ter conhecimento de aspectos que nos façam entender todas as possibilidades, principalmente quando se está começando um negócio novo. 

Gustavo tem a opinião de que são muitos os pontos a se considerar. Para ele, os principais são “a disponibilidade de capital para mobilizar, o grau de previsibilidade de demanda e o conhecimento profundo dos equipamentos e suas características para que a decisão certa seja tomada”.

Diego acredita que “uma boa opção inicial seria optar por uma locação de uma máquina com contrato curto (6 meses a 1 ano), testar a operação da cafeteria e, dando certo, montar um caixa para a compra do equipamento”.

Sobre a escolha por alugar de máquinas de espresso, Gustavo reitera: “após o primeiro ou segundo ano da operação, com a maturidade do business, o estabelecimento pode avaliar se quer manter a mesma máquina, trocar por uma de maior ou menor capacidade ou mesmo comprar”.

Não podemos esquecer de uma das maiores vantagens da locação da máquina: a manutenção.

Os contratos de locação, em sua maioria, senão todos, possuem a manutenção inclusa na mensalidade e, dependendo da gravidade do problema, os custos podem ser bem mais vantajosos. Além de poder ter o auxílio de uma máquina reserva enquanto a sua é consertada. 

As empresas de locação prestam manutenções em horários alternativos, das mais complicadas até as de manutenção preventiva, têm um serviço rápido e estão à disposição para treinamentos de equipe quando necessário. 

Comprar a máquina de espresso

Ao decidir comprar uma máquina de espresso, a vantagem imediata é que o espresso é uma paixão nacional, que pode garantir vendas imediatas para o negócio, além de sua rápida capacidade de produção e atendimento. O espresso é uma bebida de preparo bastante ágil. 

Um ponto importante é que, quando compramos a máquina de espresso, podemos considerar que um dia ela irá se pagar -ou seja, o valor investido retornará. A função da máquina não é somente fazer as bebidas com espresso, mas também atrair as pessoas para que entrem na cafeteria ou na lanchonete e também consumam outras coisas.

Uma máquina de espresso própria além de eliminar o custo do aluguel, pode permitir algumas personalizações, deixando-a com a identidade da cafeteria. Uma máquina alugada não permite que você faça modificações.

Porém a compra exige um investimento alto, seja o equipamento nacional ou internacional. Temos que considerar também custos de manutenção e peças disponíveis para importação que normalmente são encontradas com empresas especializadas, cujo preço flutua de acordo com a taxa de importação, contêineres e demanda.

A frase que define bem o cenário certo para a compra de uma máquina, citada por Gustavo é: “Tudo depende da maturidade da operação e disponibilidade de caixa para investimento”.

Pensando no tamanho do investimento e no peso que ele pode ter nessa decisão, em forma de número, a maneira mais palpável é esclarecida por Diego. “Hoje, a compra de uma máquina é bastante onerosa para a abertura de um novo negócio, podendo representar mais de 50% do investimento total para a loja. Além disso, em valores atuais, o retorno desse investimento pode ser muito longo e, assim, custoso ao fluxo de caixa da cafeteria.”

Diego argumenta que o valor de uma boa máquina é um elevado investimento para compra e varia bastante de acordo com a oscilação cambial. É uma decisão que deve ser muito bem pensada nos investimentos e fluxo de caixa para a abertura de uma cafeteria.

Mas há vantagens que podem ser sentidas logo no começo quando se compra uma máquina, além da emoção de ter uma máquina própria. Para Gustavo, da Gran Coffee, caso haja capital para realizar a compra, é possível evitar despesas recorrentes com aluguel. A máquina comprada tem um ano de garantia contra defeitos de fabricação.

Devemos pensar que nem sempre precisamos comprar uma máquina de espresso completamente nova, hoje há muitas cafeterias que tiveram muito zelo por suas máquinas que as estão vendendo por preços acessíveis.

Conheça as vantagens e desvantagens de cada opção

Vários fatores devem ser analisados e a decisão cabe ao plano de negócio, que traduz quais são as prioridades neste momento para abertura de seu estabelecimento: focar na máquina de espresso, evitando um custo adicional todo o mês, fora as despesas que ainda serão somadas? Alugar uma máquina, evitando um custo de investimento muito alto e podendo dar atenção para outros pontos da cafeteria?

Para podermos resumir e deixar da forma mais clara e mais prática possível, nossos entrevistados separam alguns pontos de vantagens e desvantagens que devemos comparar lado a lado e tirar nossas conclusões.

Para quem estiver optando por alugar

Vantagens: 

• Não eleva os custos de implantação da loja; 
• Manutenção contemplada na mensalidade; 
• É possível trocar de equipamento (desde que o contrato seja na mesma empresa);
• É possível testar diferentes máquinas e ter certeza da escolha a fazer caso queira comprar;
• Libera capital disponível para uso na operação;
• Visitas preventivas;
• Treinamentos oferecidos pelas empresas de locação.

Desvantagens:

• Em contratos de médio/longo prazo, pode ser compatível com o valor de compra via leasing, por exemplo; os prazos de locação podem ser longos demais;
• Nem sempre os equipamentos performam como esperado, por não serem necessariamente novos;
• Despesa recorrente;
• Não permite personalização.

Para quem estiver optando por comprar

Vantagens:

• A máquina passa a ser um ativo da empresa e pode ser vendida no fechamento da mesma, ou na hora da troca por outro equipamento; 
• A possibilidade de customização da máquina para ficar com a “cara” da cafeteria; 
• Para negócios de sucesso, o valor investido na máquina se paga a médio prazo e deixa de existir o desconto desse valor no fluxo de caixa de saída;
• Máquinas profissionais de boa qualidade bem cuidadas tendem a ter longa vida útil. Financeiramente pode ser mais interessante;
• Garantia de 1 ano contra defeitos de fabricação.

Desvantagens:

• Elevado custo inicial de aquisição; 
• Possível perda de valor de mercado devido à oscilação cambial; 
• A necessidade de contratar manutenção sempre que necessário;
• O risco de ficar sem café em caso de quebra até o conserto;
• Baixa flexibilidade em casos de necessidade de upgrade ou downgrade do tamanho da máquina.

Se você está abrindo um negócio de café ou servirá café na sua operação, a decisão entre comprar ou alugar uma máquina pode transformar o custo de abertura de seu negócio. Por conta disso, essa é uma decisão que deve ser bem avaliada.

Acima, você pôde perceber que, para além do fetiche de ter um equipamento próprio (por vezes, cheio de estilo e identidade), é preciso se atentar para a questão como parte do negócio, envolvendo aspectos como custo e funcionalidade.  

Anote as dicas dos especialistas e faça a avaliação com base na realidade da sua cafeteria. Independentemente da situação, cada fator tem um peso diferente de caso para caso. 

O importante é ter a coragem de abrir uma cafeteria em meio a tantos desafios, proporcionando o prazer de um belo café aos apreciadores. 

Créditos: Lora Georgieva (máquina destaque); Charles Sims (naked espresso); Divulgação Sofá Café (Diego Gonzales); Jackson Schaal (vaporizando o leite); Isabela Kronemberger (máquina de espresso); Noora Alhammadi (porta-filtro).

PDG Brasil

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