Os impactos da geada no café do Brasil
O mercado de café no Brasil está passando por um momento complexo. Uma partida de xadrez digna de final de campeonato mundial na Rússia. Geada intensa que afeta mais de 300 cidades produtoras, incluindo regiões de produção volumosa, como Cerrado Mineiro, Sul de Minas e Alta Mogiana. Expectativa de nova geada. Ano de produção abaixo das expectativas, em bienalidade baixa. Covid-19 ainda em cena. Aumento dos insumos e do custo geral da produção em 50%. Preço da saca nas alturas. Cerca de 70% da safra 2021/2022 do país já colhida.
O cenário deve impactar o mercado global de café, não apenas no campo, mas em todos os segmentos da cadeia produtiva. De produtores, fornecedores de insumos e maquinários, empresas de comércio de café verde, torrefações, cafeterias e inclusive o consumidor devem sofrer com os preços e a baixa oferta do grão, não apenas neste ano, mas, segundo especialistas, também em 2022 e 2023.
Para tentar trazer um pouco de luz à situação, entendendo seus meandros e compartilhando diferentes visões e recomendações, o PDG Brasil conversou com alguns produtores, representantes de instituições e profissionais do mercado. No artigo abaixo você encontrará informações sobre a geada e seus impactos no cafeeiro, o impacto para os cafeicultores, o impacto no mercado internacional, recomendações e dicas para os produtores.

O que é geada e como pode danificar o cafeeiro?
Para entender um pouco o que está acontecendo, precisamos analisar o que é a geada. Do ponto de vista meteorológico, ocorre quando massas polares de grande intensidade chegam, associadas à ausência de nuvens e baixa umidade do ar, fazendo com que a temperatura alcance 0oC ou menos, e causando um resfriamento noturno intenso.
Num primeiro momento, esse evento climático causa o congelamento do orvalho, depois o vapor de água presente no ar em contato com a superfície fria passa diretamente para o estado sólido, criando os cristais de gelo e aquela imagem esbranquiçada na paisagem.
Este fenômeno climático não é tão raro no Brasil, sendo bastante comum nas regiões mais elevadas de São Paulo e Minas Gerais, especialmente durante o outono e o inverno. Há inclusive alguns estudos sobre zoneamentos climáticos. Como se trata de uma concentração de ar frio, que é uma massa de ar mais pesada, as regiões de baixada são as mais suscetíveis, conforme explica o engenheiro agrônomo Willem de Araújo, gerente regional da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), da região de Guaxupé, Minas Gerais.
No caso da cafeicultura, a geada causa perdas, pois as baixíssimas temperaturas danificam os tecidos das folhas – a partir de 2oC negativos, as folhas morrem. Se as temperaturas baixarem mais, danifica os ramos. Se for ainda mais intenso, atinge os caules. Além disso, as geadas impactam as gemas florais, causando estresse e dificultando a florada e, consequentemente, a produção do ano seguinte.
“Quanto mais fluida a seiva está, mais ela congela. Ao congelar, rompe as células e é isso que mata as folhas, o ramo, a planta do cafeeiro”, explica o engenheiro agrônomo Roberto Santinato, proprietário da consultoria Santinato&Santinato, especializado em Fitotecnia, em Fotointerpretação e em Solos e Recursos Naturais e autor e co-autor de mais de 1.000 artigos científicos sobre a cafeicultura.

Impacto para os cafeicultores
No Brasil, há mais de 30 regiões produtoras. Em um país com extensões continentais, essas regiões diferem profundamente em relação a características climáticas, topográficas, altitude, solos, disponibilidade de água, entre outros aspectos. Sendo assim, quando ocorre algum fenômeno climático, dificilmente todas as regiões são impactadas. No entanto, no caso da geada ocorrida no dia 20 de julho, as regiões mais afetadas foram São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores Estados produtores de café do país. Muitos analistas consideram que foi a pior geada dos últimos 27 anos e que terá repercussões por até quatro anos.
O agrônomo Roberto Santinato, que acompanha o mercado de café no Brasil há mais de 40 anos e já presenciou algumas geadas intensas, concorda. “Teremos aí alguns anos difíceis para os produtores de café. Como a geada foi severa e teremos de promover esqueletamento e recepa em muitos casos, os cafezais levarão um tempo para se recuperarem. Em alguns casos, serão necessários de três a quatro anos mesmo”, explica.
Agricultores e agricultoras de produção familiar, que representam 78% dos cafeicultores do país, são os mais impactados. “O que nos preocupa é o pequeno. Se ele tem um sítio de 5 hectares, e o sítio todo foi afetado pela geada, de onde ele vai tirar o sustento da família?”, pergunta Santinato.
Eder Mascarelli teve quase toda a sua lavoura impactada. Em seu Sítio Santa Luzia, localizado no bairro Gabirobal, em Andradas, Sul de Minas (MG), dos 6 hectares, 4 foram afetados pelas geadas de julho. Na geada do dia 20, a temperatura chegou aos -4oC. “Foi muito severa. Nunca vimos isso aqui. Queimou sem ter presença de gelo na maioria das lavouras”, relata.
Dos 2 hectares não afetados, a família já havia colhido 1,3 hc. “Essas plantas terão de passar por recepa drástica, rente ao solo, pois também foram alcançadas pela geada”, conta. Para a safra de 2022, Eder estima que a perda será de cerca de 50%. Eder descreve como “uma sensação de desespero, impotência e angústia, pois não sabemos como contornar a situação”.
O cafeicultor conta que sempre trabalhou com boa nutrição do solo e das plantas. O bairro possuía alguns termonebulizadores para as geadas que sempre ocorreram na região. Eles tentaram utilizar na noite prevista para a onda de frio, mas Eder conta que a iniciativa não teve êxito. “Estamos um pouco perdidos, mas temos de ter calma, procurar nossos direitos e agir em conjunto para que possamos ter força diante dessa dificuldade.”
A produtora Janaína Magalhães, que cultiva café no Sítio Folheta, em Lambari, na região de Mantiqueira de Minas, teve um pouco mais de sorte. De seus 9 hectares, apenas um foi acometido pela geada. Janaína estima uma perda de 4 a 5 mil pés, e 70 sacas, atualmente o equivalente a R$ 70.000,00. “A primeira reação é de preocupação e tristeza. Não apenas por mim, mas por aqueles que perderam muito mais. Logo depois, procurei um agrônomo para nos orientar.” Janaína conta que em sua cidade, houve produtor que perdeu tudo. Outro havia acabado de plantar 20 mil mudas, das quais 16 mil amanheceram queimadas após a geada.
Artur Queiroz de Sousa é sócio-proprietário da Santa Quitéria Cafés Especiais, com duas propriedades, Fazenda Santa Quitéria, em Cambuquira (Mantiqueira de Minas), e Fazenda Taquaral, em Três Corações (Sul de Minas). Segundo dele, a estimativa inicial é de uma perda de 20% da produção, cerca de 400 sacas para esta safra, que ainda está sendo colhida. “Não foi pouco, mas sabemos que teremos consequências mais sérias para os próximos dois anos. A experiência nos mostra que teremos de tomar medidas mais drásticas no cafezal.”
Os cafeeiros foram acometidos nas duas fazendas, incluindo a Taquaral, que fica a 1.100 m de altitude, algo raro. Entre longos suspiros, Artur conta que a primeira sensação é de perda muito grande. “As consequências sabemos que serão grandes. Vai refletir muito nos custos daqui pra frente.” Sua primeira medida foi comunicar a empresa de seguro (uma das fazendas estava segurada), mas ele não sabe se será indenizado, pois ainda receberá a visita técnica da seguradora para análise.
O produtor diz que está contando com apoio de algumas instituições, como Minasul e BSCA. “Eles estão nos apoiando para a gente não desistir. Não podemos nos desesperar. Cafeicultura é uma fábrica a céu aberto.”

Impacto da geada para o mercado do café
O café é um dos produtos do agronegócio mais comercializados e consumidos globalmente. E a equação é aparentemente simples: se há boa oferta, o preço cai; se há escassez, o preço sobe. O cafeeiro é uma planta resiliente, mas tem uma peculiaridade: se um ano produz em abundância, no ano seguinte, há o chamado ano de bienalidade baixa (ou negativa), ou seja, a produção será menor. O Brasil é parte essencial nessa equação global. Responsável por quase 40% do café consumido mundialmente, exporta o grão para quase 130 países, em todos os continentes.
2020 tivemos café em abundância, mesmo em meio ao desafio da Covid-19. Mais de 60 milhões de sacas. Mas, feita a colheita, a preparação para a safra 2021 não foi muito generosa. O déficit hídrico em momentos cruciais do desenvolvimento da planta e agora, com mais de 60 dias sem chuva nos cafezais, impactou intensamente, de forma que a estimativa para esta colheita, iniciada em maio de 2021, já estava baixa, menor do que se espera para um ano de bienalidade negativa.
Nelson Carvalhaes é especialista no mercado de café, conselheiro do Cecafé e sócio-proprietário do Escritório Carvalhaes e da Porto de Santos Exportação. Ele explica que, além de tudo isso, os estoques mundiais estão muito baixos. “O mundo se adequou muito ao ‘just-in-time’, achando que é fácil comprar os cafés que estão em trânsito. No entanto, estamos em um momento de dificuldade na logística global, com redução de oferta de contêineres, redução de rotas, em retorno de atividade econômica, excesso de produtos nos portos.”
Nesse contexto, em plena colheita, duas geadas acometem regiões responsáveis por parte da produção de café do país. Ganha força então um cenário de escassez do produto. A saca do café arábica, que em julho de 2020 estava a R$ 530, e já vinha com uma alta, a R$ 790 em junho de 2021, superou R$ 1.000,00 apenas dois dias após o fenômeno climático.
Efeito bola de neve
Mesmo que não siga em nível tão elevado, as altas devem permanecer, graças aos inúmeros fatores que citamos anteriormente. Essa alta faz brilhar os olhos dos cafeicultores que têm café para comercializar e explodir a cabeça de quem vendeu o café no mercado futuro (a cerca de R$ 530, lembram?). Cria ainda um efeito bola de neve em toda a cadeia produtiva do café. Com alta do preço do café verde, torrefações e cafeteiras, que foram os setores mais impactados pela Covid-19, serão impactadas não apenas com a escassez do grão, mas também com os valores. E, para os consumidores, o espresso ou o coado de cada dia ficarão certamente mais caros.
É o caso de Tiago de Mello, da microtorrefação e rede de cafeterias Pato Rei Coffee Roasters, de São Paulo. Focada em cafés especiais, especialmente microlotes e nanolotes, a torrefação costuma adquirir cafés de produtores de agricultura familiar, alguns deles em processo de transição para o cultivo de cafés de qualidade. Tiago conta que alguns cafeicultores que já produzem cafés de qualidade e estão com estoque disponível, estão segurando a venda, aguardando uma alta que pode ser ainda maior.
“Agora estou contando com o bom senso de produtores que são parceiros. Se as torrefações e cafeterias fecharem, será ruim para os produtores também”, acredita. O torrefador está apostando em duas soluções neste cenário: comprar café da safra passada a um preço mais acessível (mas acima do que seria um valor de safra passada) e comprar cafés da safra nova a R$ 2.000,00 a saca (geralmente pagava em torno de R$ 1.500,00). É prejuízo, mas ao menos seus clientes não ficarão sem café.
A produtora Carmen Lucia Chaves de Brito, das fazendas Caxambu e Aracaçu, em Três Pontas, Sul de Minas (MG), recomenda encarar a situação com muita responsabilidade. “A gente vê o consumo do café em um crescer. Mas essa movimentação absurda de preços é um complicador. Não é bom para ninguém”, afirma. A produtora, que já foi presidente da BSCA, acredita que seja necessário um pensamento de longo prazo bom para todos. Se o pequeno torrador deixar de ter o negócio dele, haverá um declínio de consumo. Será ruim para todos nós.”
“Parceria é parceria. Honra é honra. Temos de olhar o nosso negócio e saber que não é só um 20 de julho de 2021. Nosso negócio é de anos, nosso negócio é de gerações, nosso negócio tem história. É uma grande cadeia, carrega muita gente, muitos elos, o respeito, o compromisso.”
Medidas de apoio
A colheita ainda está acontecendo em algumas lavouras do Brasil. Muitos produtores, porém, já estão com a maior parte dos seus cafés colhidos, secando nos terreiros ou fermentando em tanques. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, a estimativa é de que aproximadamente 70% da área total de produção de café arábica e conilon no país já passou pela colheita. Fator que contribui para tranquilizar de alguma forma as grandes oscilações do mercado.
Acompanhando o impacto da geada em algumas regiões cafeeiras do país, instituições, produtores e especialistas realizaram um encontro para discutir possíveis medidas de apoio aos cafeicultores. Estavam presentes a Ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Maria Valentin, o presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Silas Brasileiro, e a Diretora Executiva da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), Vanusia Nogueira.
A ministra se colocou à disposição dos cafeicultores e cafeicultoras, mas afirmou que o momento é de fazer um mapeamento do tamanho do impacto, antes de definir qualquer ação. “Viemos aqui para ver, ouvir e acharmos soluções em conjunto”, disse. Se lembrarmos que alguns produtores, especialmente cafeicultores e cafeicultoras de agricultura familiar, perderam grande parte de seus cafezais, o suporte que as instituições podem proporcionar, seja com orientações técnicas, seja facilitando a obtenção de créditos e financiamentos, é essencial.
“Nossos produtores e cooperativas são muito bem estruturados e organizados e, junto aos órgãos governamentais, já estão traçando planos para cobrir os possíveis impactos nas lavouras”, acredita Vanusia Nogueira. Ela reforça que a cafeicultura brasileira é muito forte e os contratos futuros serão cumpridos.
Segundo estimativa preliminar da Exportadora de Café Guaxupé, o impacto será de 4 a 4,5 milhões de sacas na safra de 2022. Mas outros especialistas disseram ao PDG Brasil estimar perda muito maior, de cerca de 10 milhões de sacas.

O que o cafeicultor e a cafeicultora podem fazer daqui pra frente?
O PDG Brasil conversou com diversos especialistas do mercado de café e todos são unânimes: é preciso ter calma. Na maior parte dos casos, não é possível ter certeza do impacto real nas lavouras neste exato momento, uma semana após o ocorrido. “Não dá para saber ainda o que será preciso para a recuperação. Há lavouras que foram menos atingidas, outras foram mais, e terão de ser erradicadas. E estamos vendo quais serão as melhores formas para ajudar esses cafeicultores”, explica Willem de Araújo, do Emater.
É também a proposta do agrônomo e consultor Roberto Santinato. “É necessário avaliar a perda de produtividade cerca de 60 dias após a geada. É aí que se pode definir as ações mais adequadas, poda de decote, esqueletamento ou recepa.”
Veja a seguir algumas dicas dos próximos passos sugeridos pelos dois agrônomos:
- Sempre peça ajuda a algum engenheiro agrônomo ou técnico em agronomia de sua confiança para avaliar o impacto das geadas nas suas lavouras e, assim, após uma análise, definir quais medidas tomar na lavoura
- lgumas instituições, associações, sindicatos e cooperativas estão com seus técnicos em campo e dando suporte para produtores e produtoras que os procuram em busca de orientações técnicas
- Instituições do setor, como a BSCA, entre outras, estão se mobilizando para buscar apoio a créditos com o Ministério da Agricultura. Vale acompanhar e fortalecer essa mobilização
- Não tome nenhuma medida baseada em informações de Whats App, pois há muitas notícias falsas circulando, inclusive sobre as previsões climáticas
- Se possível, evite plantar em locais que são suscetíveis a geadas. Há inúmeros estudos indicando zoneamentos climáticos, que orientam os produtores sobre as regiões mais indicadas para cultivos delicados como o café
- Não há métodos de prevenção garantidos. Mesmo cafés em regiões que não estão em baixadas podem ser acometidos
- Fique atento aos institutos de meteorologia de sua confiança. É importante saber o que vai acontecer na região de sua lavoura, pois, em alguns casos, métodos de prevenção, como emissão de fumaças e irrigação podem apresentar resultados – embora não haja comprovação científica
- Não criar corredores, formando bolsões com os quebra-ventos. “Às vezes, há confusão com os quebra-ventos. Eles criam proteção para ventos, não para geada. Se formam bolsões ao lado da lavoura, canalizam e podem trazer danos maiores para os cafeeiros”, explica Santinato
- Nestes períodos de inverno, busque manter o solo limpo próximo ao café, de forma que o solo absorva o calor durante o dia e reduza o impacto da geada.
O mercado de café no Brasil já vinha enfrentando desafios, com uma estiagem prolongada em momentos de desenvolvimento dos cafeeiros, prevendo uma safra baixa para 2021. Com uma geada severa, ocorrida em julho, o cenário ficou ainda mais difícil, com muitas cidades e muitas propriedades acometidas pelo evento. Há estimativas de grandes perdas não apenas para 2021 e 2022, mas também para 2023 e 2024, em alguns casos. Agricultores de produção familiar foram os mais impactados, em alguns casos, com 100% dos cafezais danificados.
O fenômeno climático intensificou a instabilidade do mercado, ocasionando uma alta de 12% nos preços, que já acumulavam altas. Com isso, toda a cadeia produtiva está sendo impactada, seja pelos valores que inviabilizam negócios, seja pela insegurança que a própria situação de escassez do café cria.
O suporte técnico de agrônomos e instituições que estão próximas aos cafeicultores e cafeicultoras é essencial neste momento antes de definir qualquer passo a ser dado com a lavoura. Associações, sindicatos e cooperativas estão se mobilizando para dar apoios aos cafeicultores e orientar na avaliação dos danos e na condução dos cafezais. Há mobilização também de setores governamentais. E os cafeicultores aguardam medidas para amenizar a grave situação.
Enquanto isso, vale perseverar. “Precisamos ser resilientes como essas plantas são. O Paraná passou por uma geada muito mais severa que essa e se reposicionou, se reinventou. Hoje vemos um Paraná bastante diferente do que era lá atrás. Forte, produzindo qualidade”, lembra Carmen Lucia Chaves de Brito, das fazendas Caxambu e Aracaçu.
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Créditos das fotos: Edson Ricci, Monte Carmelo/MG e Eduardo Ferreira, Careaçu/MG
PDG Brasil
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