O que é um espresso romano?
O espresso romano é uma bebida simples, mas intrigante. Na sua forma mais pura, é um espresso servido com uma fatia de limão, embora a sua preparação possa mudar de cafeteria para cafeteria.
Apesar desta simplicidade ainda existe, no entanto, alguma confusão quanto à bebida. Para começar, ela recebe nomes diferentes em diferentes partes do mundo, e em determinadas regiões da Itália.
Além disso, embora a palavra “romano” esteja presente no nome da bebida, não há provas definitivas de que tenha uma ligação histórica com Roma ou com a Itália.
Continue a ler para saber mais sobre o espresso romano, quem o toma e sua origem e história.
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Definição: o espresso romano
O espresso romano é feito combinando um café espresso com uma fatia de limão ou sumo de limão e uma colher de chá de açúcar. A fatia pode ser espremida ou colocada no café, e às vezes é cristalizada.
É uma bebida versátil que pode ser servida quente, fria ou gelada – com ou sem leite. Algumas cafeterias também adicionam Anisette, um licor mediterrâneo feito de anis (semelhante a sambuca e pastis).
Massimiliano Mattone é barista e consultor. Ele diz que frequentemente o óleo da casca do limão pode ser espremido na xícara antes de colocar o café. Algumas pessoas deixam a casca no copo, enquanto outras a removem.
A bebida é popular na região italiana de Campania, que inclui a cidade de Nápoles, Capri e a Costa Amalfitana. Aqui na Itália, é geralmente conhecido como caffè canarino ou caffè al limone.
O povo da região afirma que a bebida foi inventada na cidade de Giugliano. Hoje, é a bebida tradicional da cidade, e é considerada uma iguaria regional.
Nesta região, o espresso romano é frequentemente preparado com limões de Sorrento. A União Europeia concedeu aos limões de Sorrento uma certificação de indicação geográfica. Isto significa que foram verificados e reconhecidos de forma independente pela sua qualidade e natureza única.
Além disso, a Organização Nacional de Custódia do Patrimônio Italiano (Fondo Ambiente Italiano) mantém uma histórica plantação de limão de Sorrento chamada Baia Di Leranto perto da península Sorrentina.

Explorando a sua história única
Apesar da presença da palavra “romano” no nome da bebida – sugerindo ter surgido em Roma – há histórias conflitantes sobre a origem da bebida.
Alguns dizem que foi uma invenção norte-americana que recebeu uma falsa descendência italiana para atrair turistas. Outros afirmam que a bebida foi inventada na França.
E embora não haja nenhuma evidência definitiva de que a bebida seja historicamente italiana, há histórias que assim sugerem.
Os italianos consomem cafés preparados em cafeteiras italianas (moka) ou máquinas de espresso há décadas. A máquina de café foi inventada no início do século XX e a cafeteira italiana na década de 1930. Ambas são invenções italianas. No entanto, no início do século XX, devido à primeira e segunda guerras mundiais, houve limitações nas importações na Itália.
Durante este tempo, os italianos foram forçados a consumir café instantâneo barato, muitas vezes fornecido por soldados americanos. Nessa época, o café provavelmente era de má qualidade e completamente diferente do café solúvel disponível nas lojas hoje.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, ainda demorou algum tempo até a retomada do comércio internacional de café, e houve uma grande crise econômica na Itália.
Já que o povo italiano só tinha acesso a café de qualidade muito ruim, é provável que tenha sido misturado com limão para que os sabores mais indesejáveis da bebida fossem ocultados.

Os sabores do espresso romano
O Dr. Wilton Soares Cardoso é professor e médico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil. Ele diz que ao combinar café espresso e limão, a nitidez e a acidez do limão são efetivamente “equilibradas” pela intensidade e amargura do café espresso e vice-versa.
“O ácido cítrico está ligado à frescura dos citrinos”, explica. “Por causa do amargor [do café], a acidez se destaca e [como] também o [aroma do] limão.”
Quando o limão e o café são combinados, é bom que ambos ingredientes sejam de qualidade elevada. Quando grãos de baixa qualidade são utilizados, a bebida pode ficar amarga ou intensa demais e esconder os sabores característicos do limão.
Para alguns bebedores, o espresso romano também supostamente tem a capacidade de atenuar os efeitos de uma ressaca. A cafeína já possui propriedades vasoconstritoras naturalmente, que ajudam aliviar a dor de cabeça, enquanto os óleos essenciais do limão ajudam na digestão e aceleram a função metabólica.

O espresso romano é uma bebida estranha. Apesar de ser aparentemente simples, parece haver pouco consenso sobre sua origem e história. Além disso, o seu nome parece constantemente causar conflito.
Ainda que tenha sido inventado nos EUA, na França, em Roma ou numa pequena cidade da Campania, a bebida, desde então, foi associada à cultura italiana. Seu equilíbrio de nitidez e acidez com intensidade e amargura traça paralelos com a cultura do café de especialidade moderna. Quem sabe – talvez comece a se tornar popular em outros lugares.
Traduzido por Daniela Melfi
Crédito das imagens: Geek Baristas Coffee Shop, Fondo Ambiente Italiano
PDG Brasil
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